Visualização Eficiente de Dados
Os sistemas de energia elétrica
são dotados de uma grande variedade de ferramentas computacionais
que utilizam sofisticados algoritmos para gerar números que
contém informações importantes para o controle,
operação e projeto, em um processo genericamente conhecido
como análise de sistemas de energia. Estas ferramentas são
aplicadas de três formas:
- Controle, onde os resultados
são automaticamente aplicados à operação
em tempo real do sistema energético.
- Operação, onde
os operadores humanos olham os resultados e tomam decisões
baseados na sua interpretação, geralmente sob
pressão de tempo. É aqui que se enquadra o objeto
de nosso estudo, o pré-despacho de energia elétrica.
- Projeto, onde engenheiros
humanos olham os resultados e tomam decisões de projeto
ou geram idéias de projeto baseados em sua interpretação.
Um aspecto interessante destas ferramentas
é que, para que sejam úteis, seus resultados precisam
ser comunicados às pessoas. No caso da operação
e do projeto, as pessoas utilizam os resultados diretamente. Isso
quer dizer que uma ferramenta computacional, não importa
o quão precisa, rápida, robusta ou compacta que seja,
não será útil a não ser que as pessoas
possam compreender seus resultados. Isso talvez seja um argumento
óbvio, mas é freqüentemente subestimado no projeto
das ferramentas computacionais e especialmente em sua implementação.
Os dados produzidos pelas ferramentas
computacionais de sistemas de energia contêm diversos impedimentos
para a compreensão humana. Os dados não consistem
de abstrações de alto nível, do tipo que as
pessoas utilizam no processo mental de solução de
problemas e de tomada de decisões. Ao contrário, os
dados consistem quase que exclusivamente de números. Sua
organização, isto é, a relação
de um valor para outro, é como em uma rede. E, finalmente,
estes dados existem em enorme quantidade. Estes três atributos
contribuem juntos para tornar a comunicação de resultados
a conexão mais fraca no processo de análise de um
sistema de energia elétrica.

Processo Mental Atual de Análise
de Sistemas de Energia Elétrica
Utilizar estes tipos de informações
requer que as pessoas executem um processo complexo e que consome
muito tempo (figura acima). Elas olham para a saída numérica
da ferramenta analítica de simulação e utilizam
suas habilidades de reconhecimento de padrão visual para
ler os números e suas identificações. À
medida em que lêem mais e mais números, elas devem
reconhecer os itens que constituem os dados essenciais ao pré-despacho
e construir internamente um modelo mental do sistema elétrico
para organizar as informações. Simultaneamente à
construção deste modelo, os engenheiros e operadores
devem correlacionar este modelo mental do sistema com os dados geo-espaciais
e temporais. E à medida que este modelo se torna mais completo,
eles analisam o modelo, identificando os possíveis pontos
problemáticos, para extrair, com base em experiência
e intuição, a informação de alto nível
que precisam para tomar decisões, ou seja, uma nova configuração
de despacho elétrico. Esta informação de alto
nível é geralmente verbalizada na forma de um padrão
de alguma forma, como por exemplo, "sobrecarga de potência
ativa na porção sudeste do sistema", ou "geração
abaixo do nível esperado no sul", combinado com um subconjunto
de valores individuais de importância. Todo este processo
pode ocorrer várias vezes, uma vez que a determinação
da configuração de pré-despacho de um sistema
elétrico é um processo cíclico, e também
para diferentes instantes de tempo, uma vez que os dados variam
temporalmente.
Se a quantidade de dados é
pequena, compreendê-los é relativamente fácil.
Resultados para um sistema de transmissão de energia elétrica
com nove barramentos apresentados na forma numérica são
fáceis de se compreender. Mas à medida que a quantidade
de dados aumenta, obter um insight a partir destes dados
e sua organização se torna muito lento e difícil,
fazendo com que o uso de ferramentas computacionais também
acompanhe esta lentidão e dificuldade. Compondo a dificuldade
de compreensão também está a dificuldade de
se observar a totalidade dos dados de uma só vez.
O problema da compreensão
de dados esteve presente desde o começo da análise
de sistemas energéticos, mas se tornou crescentemente significante
com o aumento da capacidade dos computadores. Quando a computação
era cara, aproximações eram feitas para reduzir o
tamanho da tarefa computacional. Isso tinha o efeito colateral de
se reduzir o volume dos resultados, tornando-os de mais fácil
compreensão. À medida que os computadores foram se
tornando mais rápidos e baratos, a tendência tem sido
em direção a modelos mais exatos e portanto maiores
e mais elaborados, e a análises mais completas. O resultado
é uma maior quantidade de números, que requer um esforço
maior para a compreensão.
O problema da sobrecarga de dados
tem sido reconhecido há vários anos, e várias
técnicas foram utilizadas ou propostas para lidar com ele.
Entre elas podem ser citados os logs de fluxos de energia
nas linhas de transmissão, que são formatados e organizados
das mais diversas formas, na tentativa de comunicar o máximo
de organização dos dados possível. Outra técnica
para identificar valores importantes e chamar a atenção
dos operadores é na forma de alarmes. Um método recente
para lidar com a sobrecarga de dados é o uso de sistemas
computacionais especialistas para desenvolver interpretações
de alto nível e selecionar os valores importantes. Estes
sistemas, no entanto, necessariamente ocultam muitos detalhes dos
resultados numéricos. Cada um destes métodos é,
geralmente, uma sofisticação sobre a forma explícita
de apresentação de dados numéricos, que mesmo
trabalhando juntas, não são soluções
satisfatórias. As informações ainda se apresentam
muito volumosas, e também não são a informação
de alto nível desejada. Até mesmo quando informações
de alto nível são geradas, os usuários geralmente
querem ver dados detalhados de certas partes do sistema para confirmar
suas conclusões.
(continua...)
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