Ao longo dos anos, o ensino de neuroanatomia tem mudado substancialmente. Várias ferramentas educacionais tem sido desenvolvidas com o intuito de auxiliar as práticas clinicas sem recorrer as abordagens tradicionais, tais como dissecação de cadáveres, uso de slides e recursos audiovisuais, demonstração de modelos anatômicos 3D. Embora proporcione uma rica experiência prática aos estudantes e forneça uma visão detalhada das estruturas anatômicas, a dissecação de cadáveres enfrenta problemas relacionados com logística, regulação, compra, armazenamento e transporte. Os slides e recursos audiovisuais são relativamente baratos e fáceis de obter e de atualizar conforme as necessidades especificas dos alunos. Entretanto, essa prática não permite que os alunos interajam com as estruturas ou as visualizem sob diferentes ângulos, o que pode dificultar a compreensão da relação espacial entre essas estruturas. Os modelos neuroanatômicos 3D são mais realistas e mais interativos, ajudando os alunos a entender melhor a localização e a relação espacial entre diferentes estruturas neuroanatômicas. Porém, além da sua produção ser cara, os modelos anatômicos padrão não contemplam variações individuais. Como um avanço ao atlas 2D, foi desenvolvido o atlas 3D. O atlas 3D interativo é um paradigma moderno para o ensino de neuroanatomia. Ele permite que os alunos visualizem e explorem a anatomia do sistema nervoso central, em diferentes níveis de detalhes, de maneira interativa e envolvente.

Nosso trabalho propõe desenvolver um aplicativo que permite a rotulação automática de estruturas neuroanatômicas presentes em uma imagem de ressonância magnética 3D ponderada em T1, com base no atlas Talairach e CerebrA. Por ser um dos primeiros atlas estereotáxicos disponíveis na neurociência, ele é amplamente utilizado e citado na literatura científica. Apesar de ter algumas limitações em termos de precisão em algumas áreas do cérebro, muitos profissionais estão familiarizados com ele e preferem usá-lo para manter a consistência com trabalhos anteriores. Por outro lado, o atlas CerebrA é um atlas estereotáxico mais recente, mais preciso e o volume subjacente MNI-ICBM152 é amplamente utilizado como a referência padrão para a localização de estruturas cerebrais em estudos de neuroimagem.

Para a rotulação automática utilizamos o algoritmo de registro não-linear de imagens da biblioteca SimpleITK no ajuste dos atlas ao volume de ressonância magnética a ser rotulado. O software foi implementado na forma de um módulo e integrado no VMTK-Neuro para reuso de todas as sua funcionalidades de visualização exploratória implementadas na GPU. Assim, após a rotulação automática, é possível explorar em tempo interativo o volume rotulado por meio de fatiamentos em planos anatômicos, em cortes multiplanares e em cortes curvilíneos, e consultar as estruturas pelos rótulos ou consultar os rótulos por meio do ponteiro do mouse sobre uma estrutura.

As figuras do painel abaixo resumem um pouco os resultados que podem obtidos por meio do nossos sistema interativo.