Universidade Estadual de Campinas

UNICAMP

 

 Tecnologias de Infraestrutura de Informação em

Ambientes Colaborativos de Ensino

Prof. Dr. Léo Pini Magalhães
Prof. Dr. Ivan Ricarte
 
 

Monografia

Padronização

(estudo de caso)

 

Ricardo Concilio            RA 974608

Data: 07/Julho/98

Resumo
        Este trabalho tem como tema a padronização no que se refere ao ferramental, a terminologia e aos serviços que talvez devessem ser disponibilizados em um ambiente educacional. Comenta de maneira sucinta os grupos do IEEE - P1484 Learning Technology Standards Committee (LTSC)  que tratam desse assunto e apresenta com maiores detalhes o estudo de caso baseado no grupo P1484.1 Architecture and Reference Model Working Group. Tomando como base o Modelo de Referência colocado por esse grupo, este trabalho apresenta um exemplo de modelagem.


  1. Introdução
  2. Grupos de Trabalho
  3. Estudo de caso: Arquitetura
  4. Exemplo de Modelagem
  5. Conclusão
  6. Referências Bibliográficas

1.) Introdução
        O desenvolvimento da padronização no ambiente educacional é prática recomendável, tendo como objetivo desenvolver, capacitar e habilitar a existência de ferramentas e serviços de informação para serem desenvolvidos com a finalidade de utilização no ensino.

        Pode-se colocar que tal padronização especificará um modelo de referência e arquitetura para sistemas baseados em Computer Aided Instruction (CAI), utilizando a aplicação de softwares como Intelligent Learning Environment (ILE) e Intelligent Tutoring System (ITS).

        Não se pode esquecer a necessidade de padronização da terminologia utilizada, de modo que:

        Acrescenta-se, ainda, que a padronização é necessária para :

2.) Grupos de Trabalho
        Este item apresenta um breve relato sobre os grupos de trabalho do P1484 Learning Technology Standards Committee (LTSC) patrocinados pela IEEE Computer Society Standards Activity Board.

        Estes grupos têm por objetivo o desenvolvimento de padrões, de linhas mestras e recomendar práticas comuns para a área do aprendizado baseado em computador, com a finalidade de capacitar ferramentas, desenvolver courseware, informações e serviços que seriam utilizados como base para os projetos implementados nesta área.

        O quadro abaixo especifica quais são os grupos de estudo:
 

P1484.1      Architecture and Reference Model Working Group
P1484.2      Learner Model Working Group
P1484.3      Glossary Study Group
P1484.4     Task Model Working Group
P1484.6     Session Management Working Group
P1484.7     Tool/Agent Communication Working Group
P1484.10   CBT Interchange Language Working Group
P1484.11   Computer Managed Instruction Working Group
P1484.12   Learning Objects and Metadata Working Group
P1484.13   Student Identifier Study Group  
 
 

P1484.1 Architecture and Reference Model Working Group
        Especifica um modelo de referência/arquitetura para sistemas de instrução baseado em computador, especificamente incluindo a necessidade de um ambiente inteligente de aprendizado e um sistema tutorial inteligente.

P1484.2 Learner Model Working Group
        Especifica a sintaxe e a semântica de um Learner Model, o que caracterizará o estudante, contendo seus conhecimentos e habilidades. Deveria permitir diferentes visões do modelo (alunos, professores, pais, empregadores, etc) e, ainda, discutir tarefas de privacidade e segurança.

P1484.3 Glossary Study Group
        Desenvolver definições padrão para todos os termos na área do aprendizado baseado em computador.

P1484.4 Task Model Working Group
        Este padrão especifica a sintaxe e a semântica de um Task Model, que caracterizará todos os aspectos estáticos de um projeto, incluindo a descrição das tarefas, os pré-requisitos necessários, funções dos membros, cronograma, recursos, objetivo do aprendizado, transmissão e taxação.

P1484.6 Session Management Working Group
        Especificar uma linguagem e um ambiente para o gerenciamento da tecnologia do sistema de aprendizado, ou seja, instrução auxiliada por computador, ambiente de aprendizado inteligente e sistema tutorial inteligente.

P1484.7 Tool/Agent Communication Working Group
        Consiste na aplicação de uma (ou mais) ferramentas do usuário de um (ou mais) agentes de instrução. Ferramentas do usuário são softwares aplicativos padronizados que o estudante utilizará no contexto do aprendizado (editores de texto e gráfico, planilhas, etc). Agentes de instrução são programas capazes de fornecer orientação para os estudantes ao usarem as ferramentas acima citadas.

P1484.10 CBT Interchange Language Working Group
        Tem por objetivo:

P1484.11 Computer Managed Instruction Working Group
        Este grupo de trabalho cobre: P1484.12 Learning Objects and Metadata Working Group
        Especificar a sintaxe e a semântica do Learning Object Metadata, definindo os atributos requeridos para descrevê-lo de maneira completa e adequada. Destaca-se que  um Learning Object é qualquer entidade digital ou não digital, que pode ser usada, re-usada ou referenciada durante o aprendizado por computador, sendo alguns exemplos: multimídia, instruções, objetivos do aprendizado, softwares aplicativos como ferramentas, software instrucional, pessoas, organizações e eventos referenciados durante o processo.

P1484.13 Student Identifier Study Group
        O escopo deste grupo não se encontra disponível até a presente data. A seguinte mensagem é apresentada: "The scope of this proposed standard will be posted here soon".



3.) Estudo de caso: Arquitetura
        Os estudos do grupo de  trabalho sobre arquitetura tentam reduzir o custo da produção de software aplicativos envolvidos no processo de educação e, ainda, pretendem aumentar a sua usabilidade tanto individualmente como em conjunto com outros. Dessa maneira, este padrão tenta encorajar o reuso de tecnologia e a interoperação entre aplicações distintas desde que sejam coerentes dentro do contexto educacional. Surge, então, a necessidade e a importância de um Modelo de Referência ou Referência de Arquitetura comum.

        O P1484.1 Architecture and Reference Model Working Group propõe um Modelo de Referência em termos de hierarquia de níveis abstratos de arquitetura, assim a utilização deste modelo é possível no desenvolvimento e na organização da arquitetura de softwares aplicativos na área educacional.

        O tratamento dos níveis como categorias distintas mostra que conceitos dentro de cada um dos níveis são separados de outros pertencentes a outras camadas. Portanto, fica claro a necessidade do tratamento das tarefas de cada nível de maneira independente dos outros. Em resumo, um padrão construído com um conjunto de camadas faz com que cada uma delas seja bem conhecida, recebendo, dessa maneira um tratamento que dever ser particularizado.

        Cada nível tem um conjunto de conceitos e funcionalidades que devem estar presentes no projeto e no processo de padronização. Ao usar a abstração hierárquica como linha mestra para esse desenvolvimento, as tarefas devem ser tratadas distintamente, sendo separadas mais claramente (onde começam e onde terminam), incrementando a sinergia com outros padrões organizados hierarquicamente e aumentando o reuso. o que resulta em um padrão mais claro e modular.

        O Modelo de Referência e os seus níveis são apresentados no esquema a seguir:
 

Modelo de Aplicação
Modelo de Sistema Abstrato
Modelo de Interação          Modelo Conceitual
Modelo de Implementação Abstrata
Modelo de Recursos
 

Modelo de Aplicação: descreve o domínio (a área) da aplicação.
        Áreas de aplicação ou domínio incorporam a maneira de como fazer as tarefas e a maneira pela qual os conceitos devem ser compreendidos. Os conceitos, habilidades, o caminho do aprendizado e do pensamento, que são conhecidos pelos profissionais da área de educação, deveriam ser também do conhecimento dos desenvolvedores destes sistemas, de modo que estes conceitos pudessem ser utilizados no desenvolvimento dos sistemas  envolvidos com o aprendizado através do computador. Não se pode esquecer que o objetivo educacional em questão deverá estar bem definido e entendido por todas as partes envolvidas no processo.

        A padronização nesse nível deve possuir definições do material de ensino, do estilo de ensino, do professor e da interação dos padrões utilizados. Esta  camada deve guiar e fornecer material para padrões das outras áreas, isto é, as idéias podem fornecer a base para as técnicas de automação do material.

Modelo de Sistema Abstrato: descreve a percepção do usuário e o modelo conceitual do sistema.
        Tem dois aspectos: Modelo de Interação (descreve a aparência e as características de interação do sistema) e o Modelo Conceitual (incorpora as funcionalidades do sistema).
 
        O ser humano interage diretamente com o mundo através da sua percepção (os seus sentidos) e indiretamente pelo modelo conceitual que cria. O Modelo de Sistema Abstrato descreve a conceitução e a percepção do usuário em relação aos sistemas, definindo suas funções, suas características e tudo que afeta quem o estiver utilizando.

        Conforme já foi colocado acima, este modelo é dividido em duas partes distintas:

        Nesse nível a interoperabilidade e a reusabilidade são auxiliados pelo compartilhamento da ontologia. Ontologia são estruturas formais (como uma hierarquia) que definem conceitos e relações entre elas. O compartilhamento da ontologia mostra o conteúdo, a capacidade do sistema, estratégias utilizadas e ajuda a determinar (por exemplo) se os serviços modelados em um software irão suportar adequadamente as necessidades em uma nova aplicação. Também auxiliam na composição do conhecimento baseado em software porque capacitam um componente a "entender" o conteúdo dos dados ou mensagens que ele recebe de outros componentes.

Modelo de Implementação Abstrata: descreve a estrutura da implementação, a arquitetura dos elementos e a comunicação entre eles.

        O Modelo Conceitual fornece o conteúdo das interações (funcionalidades) entre os usuários e os elementos do Modelo de Implementação Abstrata, já o Modelo de Interação fornece o significado destas interações.

        Nesse nível a comunicação é a mola mestra do reuso e da interoperabilidade, especificamente o uso de protocolos padronizados facilitam a troca, a adição e o reuso de componentes.
 

Modelo de Recursos: descreve os recursos empregados no sistema de acordo com o item anterior.

        Nesse nível são levadas em consideração a implementação e a performance (arquitetura e projeto) em um nível abstrato. O sistema é descrito em termos dos recursos usados e suas características, incluindo a performance de hardware e de software implementados, como também as limitações encontradas. Dessa maneira, são descritos os mecanismos necessários para implementar o sistema tendo a estrutura apresentada no Modelo de Implementação Abstrata (cabe o comentário que essa associação é geralmente complexa).


4.) Exemplo de Modelagem
        Modelo da disciplina de Computação oferecida com o auxílio do computador para alunos do ciclo básico e que não necessitam de conhecimento anterior para acompanhá-la. Além das aulas será também disponibilizado via rede exercícios, trabalhos e avaliações, sendo necessária, dessa maneira, senha individual para cada um dos alunos. É importante para a solidificação do aprendizado que a disciplina apresente exemplos relacionados com o mundo real e tenha ligação interdisciplinar com as outras do curso. O software implementado para atender essas especificações será utilizado em uma aula presencial, mas permitindo que dentro do período da aula, o aluno possa desenvolver conforme a sua velocidade de aprendizado. Também deve possuir a possibilidade de comunicação, via rede, entre professor-aluno e aluno-aluno. O ambiente desenvolvido deve permitir a utilização do recurso de link para endereços que tratem sobre o mesmo assunto e que possam ser usados como referência para estudo complementar.

Modelo de Aplicação: descreve o domínio (área) da aplicação.
        Os itens a seguir são necessários para a descrição deste modelo:

Modelo de Sistema Abstrato: descreve a percepção do usuário e o modelo conceitual do sistema. Modelo de Implementação Abstrata: descreve a estrutura da implementação, a arquitetura dos elementos e a comunicação entre eles. Modelo de Recursos: descreve os recursos empregados no sistema de acordo com os itens anteriores.

 
5.) Conclusão
        O Modelo de Referência serve como um padrão comum para o desenvolvimento e organização da arquitetura de ambientes educacionais, mas não é propriamente dito uma arquitetura. A cada nível apresentado, um sistema poderia ter uma arquitetura particular para ele (diferente das empregadas nos outros níveis) e igual para os outros sistemas, o que permitiria que eles fossem interoperáveis e tivessem componentes reusáveis para níveis semelhantes.

        Nota-se que há diversas vantagens na adoção de um padrão para o modelamento da arquitetura:

Limitação:
        Atualmente a abstração da hierarquia tem primariamente um ponto de vista da engenharia, focando o projeto e implementação de software. No futuro o Modelo de Aplicação poderia ser aperfeiçoado e expandido (por exemplo para o modelo do usuário, para o trabalho em grupo e para o ponto de vista das instituições na aplicação do domínio).

        Analisando o que foi colocado acima, nota-se a importância e a necessidade da construção de sistemas padronizados, uma vez que é desejável que todos estes sistemas possam se comunicar entre si. Dessa maneira, fica claro que características como reuso, operação independente de plataforma, performance, tempo gasto em projeto, custo, aquisição e retenção do conhecimento pelo alunado,  melhoria da qualidade de treinamentos e educação continuada seriam alguns dos pontos que poderiam ser melhor implementados e gerenciados.

        Todavia, estudos que tratam desse campo de ação são bastante recentes, o que demonstra ser esta uma área de pesquisa onde muito ainda está por ser produzido para alcançar todas as vantagens expostas acima.


6.) Referências Bibliográficas