Com a revolução industrial (século XIX) e a filosofia
de linha de produção implantada por Henry Ford no começo
deste século, surgiu a necessidade de se massificar as técnicas
de ensino, para a formação de uma mão de obra mais
qualificada
não só para a produção, mas visando, também,
o incremento do consumo para viabilização da economia de
escala.
Surge, daí, o ensino da forma como conhecemos hoje. Escolas que, filosoficamente, estão envoltas num compromisso social da "fabricação" de uma massa consumidora de informação. A sobrevivência no mercado de trabalho está, hoje, diretamente relacionada com o acesso à informação, com o treinamento continuado, com a atualização e reciclagem dos conhecimentos.
O fenômeno da globalização está alterando radicalmente todos os ambientes e nichos de mercado. Artigos industrializados fabricados no Oriente começam a dominar o mercado Ocidental, as tecnologias industriais, antes restritas a alguns países mais economicamente desenvolvidos, começam a ser disseminadas pelo mundo. Mercados como o da informação deixam de ser locais, para atingir escala global. O nível da competição não obedecem mais as fronteiras geográficas: CNN está aqui, Rede Globo já está por lá...
E a Educação, como vai? O ambiente educacional, a sala de aulas, o professor, giz, suor e saliva estão agora enfrentando adversários que surgiram como companheiros: os computadores e outras mídias. Algumas experiências de educação à distância, antes restritas aos chamados cursos por correspondência, tem sido estabelecidas até com sucesso, utilizando-se das novas mídias eletrônicas. O chamado TeleCurso, apresentado na televisão brasileira é um bom exemplo disso. O advento da Internet, aliado à "popularização" da informática, nos permite a alteração da velocidade de interação no conceito de curso por correspondência, e mesmo novos conceitos em educação à distância. A simulação do ambiente "sala de aulas virtual" pode ser um exemplo do caminho a ser seguido. Em nível de Brasil, poucas tentativas tem sido feitas de implantação dessa nova ferramenta de ensino-aprendizagem, e mais raras ainda tem logrado algum êxito. Um dos motivos disso está na falta de uma unidade de esforços neste sentido, principalmente devido a inexistência de uma padronização das formas de utilização destas tecnologias.
Este trabalho se propõe a mostrar as linhas de tendência
do uso dessas técnicas e comunicar alguns esforços feitos
no sentido de se estabelecer normas de padronização deste
ambiente, obtidos por meio de pesquisas na Internet.
Volta
As técnicas de ensino-aprendizagem mais atuais, levam ainda em consideração o ambiente sala de aulas como o paradigma fundamental para sua execução. Ensino baseado em trabalho em grupo, avaliação contínua, e outras técnicas, quase todas baseadas em aulas de corpo presente com ou sem uso de aparelhos intermediadores, são as formas que se crêem estarem corretamente adequadas para o nosso tempo. A introdução de computadores nas diversas disciplinas ainda estão sendo tidas como modernização, porém apenas como ferramenta tal qual o papel, lápis, caneta, quadro negro, giz, saliva...
As experiências com cursos à distância, ainda são vistas em muitas áreas com descrédito e preconceitos. Podem ser viáveis apenas com desenvolvimento de consumo de conhecimento, mas não como desenvolvedores de formação. O processo de aprendizagem assim estruturado, segundo alguns, não permite a "criatividade" inerente ao processo real de ensino-aprendizagem, tornando o sujeito do processo um mero repetidor do conhecimento adquirido. Esta escola defende que só há aprendizagem real em discussões sobre o assunto desenvolvido, e, para tal, nenhum ambiente substitui a sala de aulas presencial.
Outra escola defende o uso da tecnologia como elemento de fundamental importância para o futuro do ensino. Nela, o computador e outras mídias eletrônicas tendem a assumir um papel preponderante no futuro do ambiente educacional. Para tal, deverá haver uma mudança muito grande no papel de todos os atores envolvidos: professores, instrutores, alunos, monitores, etc.
A importância aí pode ser sentida pela disposição,
em nível governamental, do vice-presidente Norte-Americano Gore
e do presidente Clinton, relacionada com a criação dos GII
- Global Information Infrastructure, NLII - National Learning Infrastructure
Initiative - e do consórcio EDUCOM como pode ser visto nos artigos:
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THE NLII VISION: IMPLICATIONS FOR SYSTEMS AND STATES by Carol A. Twigg and Robert C. Heterick, Jr. |
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The Need For A National Learning Infrastructure by Carol A. Twigg |
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Perspectives on the Global Information Infrastructure
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The Public Policy Implications of a Global Learning Infrastructure By Robert C. Heterick, Jr., James R. Mingle, and Carol A. Twigg |
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Using Information Technology to Enhance Academic Productivity By William F. Massy and Robert Zemsky |
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relatório Program
for Advanced Information Infrastructure - Ministry of International
Trade and Industry May 1994
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The
Virtual University by Carol A. Twigg e Diana G. Oblinger
- Educom - 1996
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Perspectives
on the Global Information Infrastructure
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The Tao of IETF |
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Uma série de mudanças estão acontecendo no perfil do estudante americano. O aluno médio, que era estudante "full time", residia no campus, tinha idade na faixa de 18 a 22 anos, sexo masculino, representa hoje menos de 25% dos universitários americanos. Cerca de 43% estão abaixo de 25 anos. A maior parte do alunado é, portanto, composto de adultos, que cursam a universidade como "part time", não residentes, e com uma visão mais apurada do que desejam do ensino superior. Este novo perfil de estudante tem um objetivo mais claro como cliente dos provedores de ensino superior, procuram mais qualidade e competividade entre as instituições, buscando vantagens pessoais desta competição. O alunado é bastante heterogêneo em idade (43% abaixo dos 25 anos), sexo (55% do alunado é do sexo feminino), etnia (1 aluno em cada 6 é não branco), e meios econômicos (existem estudantes de todas as classes sociais). [2]
Outro reforço desta característica, está nas referências da American Society for Training and Development que estima que, ao redor do ano 2000, cerca de 75% da força de trabalho precisará de retreinamento. Isto vem a reforçar, também, a necessidade da mudança filosófica da educação superior: do "O que vamos ensinar?" para o "O que os alunos precisam aprender?", e da criação da cultura da Educação Continuada. [2]
Mudanças, também, estão acontecendo no ambiente
de aprendizado, no "Onde os alunos aprendem?". Este ambiente
já não está restrito à sala de aulas, está
acontecendo nos ambientes de trabalho, dos escritórios ao chão
de fábrica aos conveses de submarinos submersos, em centros comerciais,
em quartos de hotel e em casa. Apoiado pela tecnologia de informação,
o ambiente de aprendizado deixa hoje de ser centralizado em um campus,
passando a ser estendido a locais distantes pela cidade, estado, país
e, quiçá, pelo mundo. Exemplo desta penetração
pode ser encontrado pela presença de cursos tipo MBA (Master of
Business Administration) oferecidos em anúncios veiculados pela
Folha de São Paulo, todo Domingo.
Volta
No Brasil, o ensino é dividido basicamente em fundamental, médio e superior, onde, no primeiro, com oito anos de duração, existem diferenças entre os quatro primeiros anos cuja finalidade é a alfabetização, o conhecimento básico de aritmética, e um conjunto de informações conhecidas como "conhecimentos gerais", e, os quatro seguintes onde se busca, ainda, uma formação geral, porém já com a entrada de divisões destas áreas, buscando uma especialização do conhecimento. Neste ponto o aluno já é forçado a subdividir o seu conhecimento entre História e Geografia, Línguas (pátria e estrangeira), Matemática (concentrada em Álgebra) e Ciências, que, apesar de agrupada sob um único nome, costuma ter seu ensino dividido de acordo com a série. No ensino médio, são efetuadas subdivisões destas áreas, buscando uma maior especialização do conhecimento, com as ciências sendo divididas em Química, Física e Biologia. Neste ponto, o aluno já é levado a optar pela sua futura formação profissional entre as grandes áreas acima citadas, e, geralmente, o faz não por conhecimento real da atuação deste ou daquele profissional, mas sim pela maior ou menor afinidade com aquela área do conhecimento e, ainda, por aquela ser a profissão da moda.
Os cursos universitários (o ensino superior) são, por sua forma padrão, estruturados por meio de disciplinas, cada qual com seu conteúdo, exigindo que o estudante, ao final do seu curso, consiga fazer a integração dos diversos conteúdos, praticamente por si só. Como, durante todo o seu aprendizado, em todos os níveis, ele não foi treinado para tal, o estudante tem enorme dificuldade para realizar este intento. Além disso, principalmente nos primeiros anos, pela falta de conhecimento prévio, pelo imediatismo próprio de sua idade, não costuma ver a necessidade da formação básica para seu futuro profissional.
Outra proposta, contida na própria Lei das Diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996, é que seja preparado o profissional para o seu estudo continuado, situação esta não bem compreendida pelo aluno, que acredita piamente que a função da escola é ensiná-lo tudo aquilo que utilizará em sua vida profissional. A evolução tecnológica obriga, por sua vez, a reciclagem (Turn Over) de conhecimentos profissionais, varias vezes durante a carreira. O "aprender a estudar" que deveria ser o principal norteamento do aluno para seu estudo continuado, é, geralmente, adiado até a universidade em nosso País, daí a importância da integralização do conhecimento neste nível. (extraído do paper apresentado ao ICEE-98 - International Conference on Engeneering Education com o título: "Interdisciplinaries Activities as a Factor of Integrating Knowledge in a Engeneering Course" - por Soares, M.V. e Lauria, D. a se realizar no Rio de Janeiro em Agosto de 98)
Nos congressos da COBENGE, entidade representativa no Brasil das instituições ligadas ao ensino de Engenharia, são vários os artigos relacionados com estes tópicos, o ensino e as mudanças (Projeto REENGE a reengenharia do ensino de Engenharia) como pode ser exemplificado pelos artigos agrupados sob os temas: Avaliação e reestruturação do Ensino; Processo Ensino-Aprendizagem; perfil Profissional dos Futuros Engenheiros; Função e Papel do Docente; experiências consolidadas: Integração Universidade-Empresa; Transferência de Tecnologia; Escola do Futuro; Novas Metodologias de Ensino; Educação Continuada; Informática no Ensino de Engenharia; que foram os sub-temas do XXIV Cobenge, ocorrido em Manaus - AM em 1996. O XXV Cobenge, ocorrido em Salvador, BA no campus da UFBA em 1997 - tinha ainda temas correlatos, assim como o XXVI Cobenge, a acontecer em Outubro/98 no campus da Universidade São Judas, com o tema central:
Sub-temas:
Avaliação como Instrumento de Otimização
no Processo de Ensino de Engenharia;
O Ensino de Engenharia e a Sociedade;
Diretrizes Curriculares, Formação Mínima e o Ensino
Continuado de Engenharia;
Experiências Consolidadas no Ensino de Engenharia;
Parceria Universidade - Empresa;
Universidade Virtual;
O Ensino de Engenharia e o Mercado Mundial.
Existem grupos em outras entidades, também ligadas ao assunto. ANSI, IETF, IS, CEN, EDUCOM, AACE, ACM e outros
Introdução
A IETF é o principal mecanismo de discussão, concepção,
homologação e implantação de padrões
na Internet. Sua missão inclui:
Atualmente, a IETF se subordina, através da IAB (Internet Architecture
Board), à Internet Society, embora a relação seja
bastante remota. A IETF é coordenada por um board denominado IESG
(Internet Engineering Steering Group), encarregado de manter e operar a
"burocracia" de condução de atividades e de deliberação
sobre propostas de padrões.
A IETF é organizada em Áreas e cada área é
organizada em Grupos de Trabalho, compondo uma estrutura razoavelmente
dinâmica. Atualmente, há nove áreas ativas e, no total,
cerca de cinquenta grupos de trabalho. A amplitude de atuação
é portanto considerável.
Relação com o GT-ER
Nem todos os temas que estão sendo tratados pela IETF hoje tem
importância imediata para o GT-ER, que endereça a situação
brasileira em redes.
O GT-ER adota estrutura bastante similar, à primeira vista, à
da IETF. Do ponto de vista de temas, a atual proposta de atuação
do GT-ER é claramente mais próxima à da IETF de 1990/1991
do que deste ano.
Mas é evidente que a relação do GT com os trabalhos
da IETF é direta, no passado, presente ou futuro: é improvável
que o GT-ER se depare com algum problema que não tenha sido (ou
esteja sendo) considerado no âmbito da IETF.
Participação
A participação nas atividades da IETF é aberta
a qualquer interessado individual, sem qualquer vinculação
com instituições, físicas, etc.
Cada área/grupo de trabalho tem seu coordenador e uma lista
de discussão. Aos interessados, basta se inscrever, sem maiores
formalidades.
É importante ressaltar que a IETF não é para neófitos
e curiosos leigos. É claramente uma confraria de iniciados, e suas
reuniões são extremamentes objetivas e técnicas.
Endereços
UFSC - Universidade de Santa Catarina - http://uvirtual.eps.ufsc.br/
A Pós-Graduação a Distância surgiu da necessidade de integrar a Universidade ao setor produtivo e de atender a crescente demanda de formação e qualificação profissional. Atualmente, o PPGEP oferece cursos de mestrado a distância, através de videoconferência e Internet. Esta tecnologia permite aos profissionais, de qualquer parte do país, cursarem a pós-graduação dentro da próprio ambiente de trabalho. Uma estratégia que vem ampliando o número de alunos atendidos em empresas, universidades e em outras instituições que fazem parte do Programa. A experiência, iniciada em setembro de 1996, exigiu de nossos pesquisadores a criação de um novo modelo de ensino, que concilia o uso das mídias tradicionais à utilização das mais modernas tecnologias de comunicação e informação.
Os cursos do Programa Pós-Graduação a Distância oferecem as mesmas disciplinas do mestrado que acontece no campus da UFSC. Mas toda a análise, aplicação de metodologia científica e solução de problemas estão voltadas para área de atuação da empresa. O aluno aperfeiçoa seus conhecimentos com base na própria realidade vivenciada por ele. As aulas por videoconferência são geradas em um estúdio do Laboratório de Ensino a Distância do PPGEP e transmitidas às salas virtuais, especialmente equipadas para a comunicação simultânea entre professor e alunos. Via Internet, eles realizam outras atividades pedagógicas orientadas pelo professor.
Modelo de Ensino:
O modelo de ensino do Programa de Pós-Graduação
a Distância da UFSC baseia-se no estimulo do aprendizado cooperativo/colaborativo,
na auto-aprendizagem e na interação eficaz entre alunos e
professores. A dinâmica das aulas tem como suporte o uso da videoconferência,
com a complementação das atividades via Internet. Fitas VHS
e materiais impressos são enviados pelo correio. Este conjunto de
serviços multimídia, garante a integração entre
os participantes,, o acesso ao material didático e a freqüente
realização de atividades pedagógicas individuais ou
em grupo.
Puc-Rio: A AulaNet
Um exemplo de aplicação de curso virtual apresentado no site
da Puc-Rio
Tecnologias de Informação Aplicadas à Educação
Carlos J. P. Lucena & Hugo Fuks
1) Groupware
2) Comunicação Digital
3) Conceituação de Instrução baseada na
Web (IBW)
4) IBW e a Sala de Aula Tradicional
5) Learningware
6) Ensinando e Aprendendo com IBW
7) O papel do facilitador em IBW e conceitos úteis sobre aprendizagem
8) Mulitimídia Interativa e IBW: Semelhanças e Diferenças
9) O Design de Cursos para IBW
10) As funcionalidades de Ambientes para IBW
11) O framework para suporte à Educação no Projeto
Internet 2
12) Implantando IBW
13) Comunidades de Conhecimento
Aulas Complementares
I - Rio Internet TV
II - Quest - Avaliação no AulaNet
III - CLEW - Um Ambiente para Aprendizado Cooperativo para a Web
IV - Criando Cursos no AulaNet
V - Assistindo Cursos no AulaNet
VI - Gerência de Conhecimento
VII - Certificação Digital
Metas para 2007, acordadas no encontro Educom-IBM:
Outra característica prevista é a existência de grande pressão a ser exercida sobre as instituições educacionais, por outras instituições educacionais de uma mesma área, antes não concorrentes diretas na clientela (alunado), seja por motivos geográficos, seja por motivos de horários, instalações, corpo docente, etc., devido ao desenvolvimento da tecnologia de informação. O desenvolvimento dessas tecnologias possibilitará que instituições educacionais espalhadas por todo o mundo concorram entre si pelo privilégio da clientela.
Ecos destas mudanças já aparecem no Brasil, com
os projetos REENGE, Engenheiro 2001, e outros. Acima foram mostrados links
para alguns sites de diferentes escolas no Brasil que já despertaram
para as possibilidades envolvidas, porém são, ainda, tentativas
isoladas sem que haja movimentação nacional para se tentar
buscar padrões para esta tecnologia.
Estamos hoje fragilizados em nosso sistema educacional, e numa época na qual a crise é global. Sabemos bem que é justamente nas crises que temos as melhores chances de desenvolvimento, e esta agora deve ser encarada de forma a possibilitarmos o retorno de um grande sistema educacional para as gerações futuras. Material humano com qualidade ainda possuímos, o momento político é propício, economicamente estamos nos viabilizando: a hora é esta!
A privatização do sistema de telecomunicações poderia ser utilizada para gerar a infra-estrutura necessária: cláusulas poderiam ser incluídas para que parte dos investimentos das empresas que fossem assumir o sistema de telecomunicações fosse obrigatoriamente para a criação desta infra-estrutura. Satélites deverão ser lançados para a evolução do sistema de telecomunicações, estes poderiam ter canais para servir de base para uma rede nacional de suporte ao ensino. Os custos de aquisição de material de informática está caindo e a capacidade de processamento aumentando, ainda com uma velocidade assustadora. A tecnologia de informação está em franca evolução.
Para pensar mais profundamente: