Interação em
Ambientes de Apoio ao Ensino na Web
Luiz Gonzaga da Silveira Júnior
gonzaga@dca.fee.unicamp.br
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação
Tópicos em Engenharia de Computação
V - 1s/1998
Professores: Léo Pini Magalhães
e Ivan Luiz Marques Ricarte
Versão PostScript(gzipada):http://www.dca.fee.unicamp.br/~gonzaga/hch.ps.gz
Resumo:
Neste trabalho apresentamos um estudo
sobre interação em ferramentas de apoio ao ensino na Web.
Para tanto, investigamos dois aspectos deste processo: a interação
homem-máquina e a interação homem-homem (via máquina)
e com isso, levantamos um conjunto de requisitos básicos sobre os
quais devem estar apoiado o projeto destas ferramentas. Para aplicar os
requisitos na prática, um estudo de caso foi realizado com a ferramenta
WebCT.
Introdução
O uso de material audiovisual pode fornece valoroso auxílio em sistemas
de aprendizagem. No entanto, um sistema é realmente eficaz se o
aprendiz permanece sendo um elemento ativo e motivado no processo. É
sabido que os simples atos de folhear e passar páginas não
asseguram um processo efetivo de aprendizado, já que o aluno deve
querer aprender, ser envolvido e desafiado pelo material apresentado [5].
Colocar este cenário dentro da Web pode, à primeira vista,
dar indícios que que o uso do computador tratará inúmeras
vantagens sobre os métodos convencionais. No entanto, sabe-se que
algumas facilidades são realmente incorporadas, como é o
caso da redução brusca de dimensões continentais quando
se tem um sistema que pode colocar pessoas geograficamente dispersas em
uma mesma ``sala de aula''; em contra-partida, será que dispomos
de tecnologia para fomentar o aprendizado efetivo ? e principalmente, a
tecnolgia atual supre a distância física entre atores do processo
(aluno, monitores, professores) com ferramentas de interação
apropriadas ?
Para reproduzir as características de uma instituição
de ensino convencional, um ambiente de ensino na Web deve congregar em
sua essência um ``local'' onde se compartilha informações,
assiste-se aulas, consulta-se livros, promove-se a integração
entre os atores através de discussões, conversas privadas,
trabalhos em grupo e atividades de lazer. A Figura 1
mostra a arquitetura computacional básica de um sistema, no qual
vários usuários compartilham informação .
Figura 1: Arquitetura do ambiente de suporte à educação
O compartilhamento da informação por si só não
configura um ambiente de ensino no qual o meio de comunicação
e troca de informação é o computador. Assim vamos
discutir o que e como um ambiente computacional deve oferecer em termos
tecnológicos para possbilitar a sua adoção como uma
plataforma de suporte à educação. Além de prover
recursos adicionais ineretes à tecnologia digital agregada ao sistema,
como consulta a bibliotecas à distância, compra de material,
métodos de auto-avaliação e principalmente ser acesível
a usuários não-técnicos.
Neste trabalho faremos uma análise dos requisitos de interação
necessários a um ambiente de apoio ao ensino na Web. Para tanto,
os aspectos relacionados à interação carecem ser divididos
em dois grandes grupos para que se possa abordar as suas diferentes facetas:
a interação homem-máquina e a interação
homem-homem (através da maquina). A interação homem-máquina
aborda aspectos relacionados às facilidades do homem em utilizar
de maneira eficiente e confortável a máquina; enquanto, a
interação homem-homem enfoca principalmente a comunicação
entre pessoas e encara o computador apenas como um dispositivo computacional
que possibilita tecnicamente a interação.
Um estudo de caso, baseado na ferramenta WebCT, vai ser apresentado,
através de uma breve apresentação dos recursos de
interação disponíveis, tanto do ponto de vista homem-máquina,
quanto da interação homem-máquina-homem. A partir
destes elementos terceremos uma análise crítica da interação
neste ambiente, apontando as deficiências e eventualmente apresentando
sugestões para melhorá-lo.
Paradigma de Interação
Homem-Máquina
Antes de qualquer iniciativa de promover a interação entre
pessoas através do computador, surge a necessidade de se propiciar
mecanismos de interação do homem com a máquina. O
objetivo central é trazer qualidade aos sistemas através
de interfaces interativas, padronizadas, confiáveis, robustas, e
principalmente que ofereçam uma grande variedade de alternativas
para a execução de tarefas. Cinco fatores humanos necessitam
ser avaliados para estabelecer as bases do projeto de interaface com o
usuário:
-
Tempo de aprendizado: Quanto tempo um membro típico da comunidade
de usuários levsa para aprender a utilizar os comandos relevantes
para um conjunto de tarefas ?
-
Velocidade de rendimento: quanto tempo ele leva para executar as
tarefas ?
-
Taxa de erros por usuários: quanto e quais tipos de erros
as pessoas cometem na realização das tarefas ?
-
Retenção no tempo: quão bem os usuários
mantém seus conhecimentos depois de uma hora, um dia ou uma semana
?
-
Satisfação subjetiva: Como os usuários
gostam de utilizar vários aspectos do sistema ?
O crescente interesse em responder estas questões acima aumenta
com a necessidade dos desenvolvedores criarem sistemas interessantes e
que atendam as necessidades dos usuários. Por exemplo, alguns sistemas
com ciclo de vida crítico, como sistema de controle de tráfego
aéreo e reatores nucleares, até sistema domésticos,
aplicações para entretenimento, e ambientes colaborativos
é necessário a observação da presença
do usuário e que as condições apresentadas acima sejam
atendidas. Para que issso possa se tornar sistematizado é necessário
a instituição de um conjunto de requisitos básicos,
sobre os quais os projetos destes ambientes devem se basear fortemente.
Afim de prover elementos para a análise sobre interação
do usuário com o ambiente de ensino em conformidade com os fatores
humanos apresentados anteriormente, apresentamos os conceitos elementares
sobre estilos de interação presentes em qualquer ambiente
computacional no qual haja interação homem-máquina.
Os estilos de interação descreve as possíveis formas
de interação entre usuários e os sistemas computacionais,
evidenciando quais deles são mais adequados para cada situação,
desde a interação textual até a interação
por menus e a manipulação direta.
Estilos de Interação
Após a identificação
do perfil do usuário e a consequente análise das tarefas
e ações, o projetista deve escolher os estilos primários
de interação: seleção por menu, manipulação
direta, linguagem de comandos, form fillin e linguagem natural.
Estes estilos permitem um determinado sistema oferecer ferramentas amigáveis
aos usuários.
Manipulação Direta. Quando um projetista experiente
pode criar uma representação visual do mundo da acão,
as tarefas ds usuáros pode ser enormemente simplificadas porque
a manipulacão direta de objetos familiares é possível.
Exemplos de tais sistemas inclui ferramentas CAD, sistemas de controle
de tráfego e video games. Apontando-se sobre a representação
visual dos objetos e ações, os usuários pode executar
rapidamente as tarefas e observar os resultados imediatamente. A entrada
de comandos por teclado ou seleçãode menus é susbstituída
por delo uso de dispositivos de movimentação de cursor para
selecionar conjunto de de objetos visíveis e acões. A manipulação
direta é bastante apelativa para usuários novatos e inexperientes,
é de fácil recordação por usuários intermitentes,
e se bem projetada, pode ser eficiente para usuários experientes.
Seleção por Menu. Nos sistemas de seleção
por menus, os usuários lêem uma lista de ítens, seleciona
o mais apropriado para a sua tarefa e observa o resultado. Se a terminologia
e o significado dos ítens são entendíveis e distintos
então os usuários podem executar suas tarefas com pouco aprendizado
e pouca memorização. O maior benefício reside na clara
estrutura de tomada de decisão, com a presença de todas as
possíveis escolhas apresentadas naquele período. Este estilo
de interação é deveras apropriado para usuários
novatos e intermitentes; podendo eventualmente serem apropriados para usuários
experientes se a visualização e os mecanismos de seleção
forem rápidos.
Form Fillin. Quando dados de entrada são necessários,
a seleção por menu torna-se inviável e o prenchimento
de campos é mais apropriado. Os usuários visualiza os campos
relacionados, move o cursor entre os campos e entra com os dados quando
necessário. Com o estilo form fillin os usuários devem
conhecer o significado dos rótulos dos campos, conhecer os valores
permissíveis e o método de entrada de dados, e responder
as mensagens de erros. Desde que algum conhecimento básico sobre
teclado, rótulos e valores permissíveis de campos são
requerido, algum treinamento é necessário, sendo portanto,
um estilo de interação mais adequado para usuários
intermitentes e frequentes.
Linguagem de Comandos. Para usuários experientes, as linguagens
de comando fornece um forte sentimento de controle e iniciativa. Os usuários
aprendem a sintaxe dos comandos e assim podem expressar possibilidades
complexas rapidamente. No entanto, as taxas de erros são tipicamente
altas, o treinamento é necessário e a retenção
pode ser pobre. Exite pouca possibilidade de se fornecer mensagens e assistentes
on-line devido a diversidade de possbilidade e a dificuldade de
mapear tarefas para os coneitos e sintaxe de interface.
Linguagem Natural. A espera que os computadores responderão
corretamente às sentenças em linguagem natural arbitrárias
ou frases tem envolvido muitos pesquisadores apesar do pouco sucesso atingido.
A linguagem natural fornece pouca informação de contexto,
requerendo caixa de clarificação e podem ser mais lentas
e infecientes dos que as outras alternativas.
A utilização de estilos de interação pode
ser apropriada quando tarefas e usuários são diversos. comandos
podem ajudar o usuáro no preenchimento de campos onde entrada de
dados é requisita, ou menus podem ser usados para para controlar
um ambiente de manipulação direta quando a visualização
de ações não está disponível.
Paradigma de Interação
Homem-Homem
Atualmente, temos os sistemas coperativos que possibilitam duas ou mais
trabalharem juntas, mesmo estando separadas no tempo e no espaço,
através do uso de correios de texto, voz e vídeo; ou através
de sistemas de video e áudio conferência, etc. Nestes sistemas
os usuários podem ser exímios conhecedores do domínio
das tarefas, mas novatos sobre o ponto de vista dos conceitos computacionais,
com isso este conjunto de fatores é aumentado pela inclusão
de um novo elemento: a interação entre pessoas através
da máquina.
O paradigma interação homem-computador-homem, ou simplesmente
homem-homem, enfoca as facilidades de comunicação entre pessoas
através de um sistema computacional, no qual o aparato computacional
é visto apenas como um veículo do processo. Dentro desta
óptica, podemos classificar os vários mecanismos de interação
homem-homem utilizando a taxonomia adotado para computação
colaborativa [4],
Figura 2.
Figura 2: Taxonomia da Computação Colaborativa
A colaboração eletrônica pode ser categorizada de
acordo com três principais parâmetros: tempo, escala de usuários
e controle. Com relação ao tempo, existem dois modos de colaboração:
-
asíncrono - processamento de atividades que não ocorrem ao
mesmo tempo, e
-
síncrono - relativo a atividades que ocorrem ao mesmo tempo.
O parâmetro de escala do usuário especifica se:
-
um único usuário colabora com um outro ou,
-
se um grupo de mais de dois colabora entre si.
Já o controle durante a colaboração pode é
dito:
-
centralizado - se existe um mediador que controla as atividades do grupo,
ou
-
distribuído, se todos os membros tem controle suas tarefas durante
a cooperação.
Existem outras propostas de taxonomia de computação colaborativa
que incluem outros parâmetros, como localidade, para categorizar
os sistemas de colaboração [2],
[3].
A partição em localidade significa que uma colaboração
pode ocorrer ou no mesmo local (exemplo sala de conferência) ou entre
usuários localizados em diferentes locais através de tele-colaboração.
Com respeito a este parâmetro assumimos que estamos tratando de um
ambiente de tele-colaboração, pois no nosso caso, desejamos
utilizar o suporte computacional como meio para o relacionamento entre
as pessoas no intuito de suprir a distância física entre elas
para suprir a impossiblidade de aula presencial.
A decisão de escolhermos um ambiente não presencia é
puramente de projeto e pensando que o ambiente em análise seja utilizado
para substituir o convencional. Isto contudo, não elimina a possbilidade
de se ter ferramentas de suporte ao ensino em um sistema presencial.
Requisitos dos Ambientes de Ensino
Os paradigmas de interação homem-máquina e homem-homem
nos fornece elementos para a elaboração de um conjunto de
requisitos básicos, tanto do suporte computacional, quanto dos elementos
essenciais para interação eletrônica em um ambiente
de ensino. Então, dividimos os requisitos básicos em três
classes distintas: os aspectos gerais, a interação entre
o homem e o ambiente de suporte à educação, e os aspectos
relacionados à comunicação entre os atores do ambiente.
Os requisitos gerais básicos de um ambiente de ensino na Web
são voltados instiuição de características
e ferramentas mínimas que o sistema deve oferecer para ser adequado
como ambiente de suporte ao ensino. Dentre um conjunto relativamente extenso
de sugestões, é concenso que um ambiente desta natureza contemple
os seguintes elementos:
-
Possuir grande capacidade de interatividade (learningware).
-
Permitir a utilização eficiente por usuários não-técnicos.
-
Oferecer recursos semelhantes aos recursos oferecidos em sala.
-
Oferecer outros recursos inerentes à tecnologia digital.
-
Possibililitar a utilização de material já existente
através de mídia digital.
Além disso, algum sistema desse deve ser capaz de suportar um conjunto
de atores com atividades específicas e papéis bem definidos.
No caso, uma configuração mínima teria para cada curso
um conjunto básico de atores: um professor, um conjunto de alunos,
e eventualmente um administrador para a gerência do sistema.
Dentre os requisitos básicos de interação tem-se
a influência do paradgima de interação homem-máquina
relativo aos modos e ferramentas de interação do homem com
o sistema computacional. Dá ênfase a interface do sistema
com o usuário e consequentemente destaca a máquina como elemento
básico de análise.
Já a interação homem-homem influencia a instituição
dos requisitos básicos de relacionados aos aspectos sociais e didáticos
presentes no sistema. Dá ênfase a atividade de comunicação
entre pessoas no processo de ensino.
Os requisitos básicos nos leva a relacionar ferramentas que podem
fornecer aos seus usuários as funcionalidades necessárias
e desejáveis para um ambiente de suporte ao ensino na Web:
-
edição de texto: qualquer sistema de ensino deve tornar disponível
aos seus usuários mecanisnos basicos de edição de
texto.
-
sistemas de trocas de mensagens para a comunicação entre
os atores (professores, alunos e administradores).
-
mecanismos de transferências de documentos eletrônicos para
facilitar o intercâmbio de informação e propiciar o
trabalho em grupo à distância.
-
ferramentas de auto-avaliação e avaliação para
permitir que os alunos colham informações sobre o grau de
aprendizado dos assuntos expostos e que os professores disponham de mecanismos
de avaliações dos seus alunos.
-
ferramentas de rastreio e acompanhamento de atividades, pelas quais o professor
pode acompnhar o desempenho do aluno e que material o aluno tem tido acesso.
-
mecanismos de gerenciamento de cursos (para criação/remoção
de cursos), alunos (inscrição/remoção de alunos)
e material (confecção e disponibilização de
alunos). É importante que sejam oferecidas diferentes visões
do ambiente para os diferentes atores.
-
quadro de avisos: disposição de quadro com eventos relacionados
ao curso, material sobre assuntos afins, novidades, calendário do
curso, etc.
Na próxima seção apresentaremos sucintamente uma ferramenta
de apoio à educação na Web - WebCT. Ela foi escolhida,
por ser a mais popular dentre as existentes, como estudo de caso sobre
a interação em ambientes de ensino na Web. Os paradigmas
de interação homem-máquina, homem-homem e principalemente
os requisitos básicos levantados anterioemente servirão como
ferramentas de análise da interface do sistema com os usuários
edas facilidades oferecidas na comunicação entre pessoas
em um ambiente de ensino, respectivamente.
Estudo de Caso: WebCT
WebCT é uma ferramenta desenvolvida no Departamento de Ciência
da Computação da University of British Columbia [1]
no Canadá, que facilita a criação de ambientes edcucacionais
baseados na World Wide Web para usuários não-técnico.
Isto é feito utilizando os seguintes recursos:
-
Interface de apresentação de curso: permite o projeto
da apresentação dos cursos, através de esquemas de
cores,ayout de páginas, etc.
-
Ferramentas educacionais: conjunto de ferramentas que facilitam
o aprendizado, a comunicação e a colaboração
entre os atores.
-
Ferramentas administrativas: ferramentas que auxiliam o instrutor
no processo de gerenciamento do curso, como a disponibilização
de material.
A WebCT pode ser usada tanto para criar cursos inteiros ou simplesmente
publicar material suplementar em cursos existentes. Neste último
caso, vimos a principal utilidade do WebCT como ferramenta de apoio em
cursos existentes, principalmente em cursos convencionais nos quais os
usuários podem ter acesso a internet.
Para ser um desenvolvedor de cursos usando o WebCT é necessário
conhecimentos técnicos mínimos do usuário, enquanto
que na parte do aluno o sistema é inteiramente baseado na Web. Isto
é, não se faz necessário o uso de qualquer ferramentas
além de um Web browser nos computadores dos alunos.
Existem quatro classes de usuários (atores) no WebCT:
-
Administrador: cria e remove cursos, modifica as senhas dos projetistas
(instrutores) do cursos, mas não pode atuar sobre qualquer curso
individualmente para remover ou adicionar conteúdo. Existe somente
um para cada sistema instalado.
-
Instrutor: cada curso possui apenas um instrutor. Seu papel é
manipular o curso através da criação de testes e avaliações,
disponibilizar material, realizar acompanhamento dos alunos, definir grupos
de apresentações, etc.
-
Monitores: cada curso pode ter vários monitores. Tem os mesmos
privilégios dos instrutores, exceto no tocante a aplicação
de avaliação e disponibilização de avaliações.
-
Estudantes: Cada curso tem qualquer número de alunos. Não
podem alterar qualquer informação sobre o curso. São
permitidas a eles a alteração de suas senhas.
Cada um destes atores possui uma visão do sistema. As vistas do
instrutor e dos monitores são superconjuntos das vistas dos alunos,
já que os primeiros gozam de privilégios não disponíveis
para os alunos. Po exemplo, mudança de conteúdo do curso,
alteração de páginas do curso, etc.
O conteúdo de um curso é fornecido pelo instrutor do curso,
enquanto que as ferramentas do WebCT são responsáveis pela
estrutura, interatividade e apoio. A Figura 3
mostra os recursos de um curso acessíveis a partir da homepage
de um curso.
Figura 3: Recursos de um curso via WebCT
Para exemplicar qual seria a aparência de um curso no WebCT, a
Figura 4
mostra a página principal do curso de sistemas operacionais disponível
no site da WebCT (http://www.webct.com).
Figura 4: Curso de SO oferecido pela WebCT
Os caminhos dos conteúdos das páginas individuais no WebCT
podem ser vistos de forma linear e também hierarquizada para facilitar
a navegação para alunos experientes e novatos no uso da ferramenta.
O instrutor pode alterar o conteúdo ao adicionar novos links
em qualquer página do curso.
Interação Homem-Máquina
Em uma ferramenta baseada na Web, o elemento básico de interação
do usuário com o sistema é a estrutura de navegação
na estrutura do curso, através dos links estrategicamente posicionados
.
Quando um estudante entra em um curso, a página principal do curso
é apresentada, a não ser que seja feita uma configuração
prévia informando que se deseja continuar em alguma página
anterioemente consultada.
Estando na página principal do curso, alguns botões de
navegação estarão disponíveis para o acesso
ao conteúdo do cursos ou aos recursos disponíveis para a
interação com outros usuários, que serão descritas
mais adiante.
Algumas ferramentas do WebCT podem ser usadas para auxiliar o estudante
no processo de aprendizado e o instrutor no ato de fornecer e manter um
ambiente educacional. Dentre estas ferramentas, aquelas que permitem uma
interação do usuário com o sistema destacamos as seguintes:
-
Auto-avaliação. Questões de múltipla
escolha podem ser suplementadas em qualquer página. Se houver alguma
questão associada com uma página, o WebCT gera um botão,
que pressionado apresenta as questões. As respostas são automaticamente
geradas, podendo vir acompanhadas por comentários.
-
Imagem associada a arquivo. O autor do curso pode associar uma imagem
com anotações e textos livres. Pesquisas por imagens podem
ser realizadas baseadas nos textos associados e os resultados são
apresentados em uma galeria de pequenas fotos, que podem ser apresentadas
em tamanho normal pressionando sobre alguma delas.
-
Glossário. um glossário de termos relacionados ao
curso podem ser criados pelo instrutor e relacionado com os termos no decorre
do texto. Pesquisas podem ser feitas no glossário pressionando-se
sobre a palavra em destaque ou através de um engenho de busca, que
permite busca arbitrária de qualquer palavra.
-
Areas de apresentação de estudante. O WebCT permite
ao instrutor designar ícones relativos às homepages geradas
pelo estudante. Nestas áreas cada estudante tem privilégios
de autoria relacionadas com ``seus'' ícones e os demais usuários
podem ter acesso de leitura.
-
Referências Externas. Esta ferramenta permite a colocação
de botão com refência a uma página externa, que pode
ser uma URL, um artigo, um livro texto, etc.
-
Indexação e busca automáticas. o WebCT permite
a criação automática de índices do conteúdo
e termos do curso. Se o estudante não encontra o termo desejado
no índice, ele pode entrar com os termos que desejar. O conteúdo
do curso pode ser pesquisado e mostrado em profundidade como uma série
de links que podem ser alcançados pelo usuário apenas pressionando
sobre ele.
-
Anotações. O projetista pode adicionar um botão
em qualquer página, o qual pode ser pressionado pelo estudante e
este preencher com qualquer comentário. As informações
são privadas ao estudante que realizou o comentário.
-
Ferramenta de geração de guia de estudo. A ferramenta
WebCT apresenta uma listas de todos os cursos e permite aos estudantes
selecionarem os conteúdos de interesse. Este recurso pode ser usado
para criar guias de estudo padronizados para auxiliar em algum exame.
-
Ferramenta de homepage de estudante. Cada estudante pode criar uma
homepage para ser vista por outros atores do mesmo curso. O estudante utiliza-se
de uma ferramenta de autoria e pode construir sua homepage sem conhecimento
prévio de HTML.
Ferramentas para Comunicação
entre Atores
A estrutura de navegação do WebCT permite a comunicação
entre os atores de um curso através de correio eletrônico,
chat e um sistema de conferência, que na realidade está mais
próximo de um sistema de news. Nesta seção,
faremos uma breve apresentação destas ferramentas, acompanhadas
de um exemplo cada uma, retirados da página do curso sobre WebCT,
disponível pelo endereço http://www.webct.com/webct/:
-
Sistema de conferência de curso. Isto permite a comunicação
entre todos os atores do curso. Funciona como um quadro de avisos e os
artigos podem ser pesquisados por conteúdo, por remetente, ou data
de envio. A Figura 5 mostra o sistema de conferência do WebCT, com
a lista das mensagens postadas, como em um netnews.
Figura 5: Sistema de conferência de curso
-
Correio eletrônico. As facilidades do correio eletrônicopodem
ser incorporadas a um curso para transferência um-a-um entre os participantes
de um curso. Possui os mesmos recursos de busca do sistema de conferência.
A Figura 6 mostra uma janela de composição de correio eletrônico
do WebCT, na qual o usuário gonzaga pode enviar mensagens para qualquer
participante do curso.
Figura 6: Janela de composição de correio
eletrônico do WebCT
-
Chat. A ferramenta chat possibilita uma comunicação
em tempo real. A vista de estudante mostra salas de chats e uma lista dos
participantes do curso em cada sala. A maioria das salas de chatsão
disponíveis apenas para os estudantes daquele curso, mas existe
uma sala geral para acomunicação entre os estudantes de todos
os
cursos. A Figura 7 mostra as salas de chat disponível no curso
sobre sistemas operacionais oferecido via WebCT.
Figura 7: Chat no WebCT - visão geral sobre as salas
Estas ferramentas são bastante simples no tocante a interface com
o usuário e muito limitadas quanto as suas funcionalidade. O sistema
de conferência passa uma imagem a priori diferente do que
ele pode oferecer, já que antes de utilizá-lo, pensávamos
que teria muito mais recursos do que realmente existe. Esperávamos
uma estrutura de comunicação com áudio ou vídeo,
mas o que encontramos foi uma espécie de sistema de news.
As demais ferramentas tem um funcionamento dentro do que se propõem
a oferecer.
Análise Crítica
Baseada nos Requisitos
Em nossa análise, a capacidade de interatividade do sistema é
bastante adequada, pois as ferramentas que oferecem uma interação
entre o usuário e a máquina obedecem aos requisitos de interação
mostrados na secão 4.
No entanto, usuários não-técnicos não irão
conseguir utilizar o WebCT como instrutores, pois exige-se destes usuários
uma compreensão da tecnologia utilizada, no caso,no mínimo
algum conhecimento de HTML e funcionamento de servidores Web.
A interação entre os atores é muito pobre, já
que a comunicação somente escrita é deveras restrititva
para um ambiente de apoio ao ensino. O WebCT poderia oferecer, um sistema
de vídeo e/ou áudio conferências. Esta carência
é vital para limitar o uso do WebCT como ferramenta de apoio e incapaz
de substituir os recursos oferecidos em sala de aula convencional.
Apesar das ferramentas do WebCT não subsituirem os recursos disponíveis
nos cursos convencionais, oferecem outros recursos inerentes à tecnologia
digital (documentos em mídia digital, correio eletrônico,
news) e dispõe de mecanismos de disponibilização de
material já disponíveis em mídia digital, através
dos recursos existentes na Web, através da conversão dos
documentos para HTML ou através de repositório para acesso
público. Neste último caso, o usuário deve dispor
de visualizadores adequados para diversos formatos (postscript, documento
Word, documento WordPerfect, etc.).
Conclusão
Em termos gerais, elaboramos um conjunto de requisitos necessários
a uma ferramenta de apoio ao ensino na Web, tanto do ponto de vista do
suporte tecnológico para interação do usuário
com o sistema, quanto relativo aos aspectos sociais relacionados à
interação entre pessoas via computador, através de
um paralelo com um ambiente de computação colaborativa.
Utilizamos o WebCT como estudo de caso por ser o software de suporte
a elaboração de cursos via Web mais popular e também
por agregar um grande conjunto de ferramentas de interação.
Este software apresenta um conjunto de elementos que permite a interação
entre usuários, máquina e usuários de forma racional,
mas está muito distante de suprir os recursos oferecidos em sala.
Por exemplo não apresenta dispositivos de áudio e video conferências
para a comunicação entre os usuários para apresentações,
discussões ou aulas expositivas.
Além da análise puramente tecnológica, levantamos
aqui a necessidade de um estudo pedagógico para avaliar os benefícios
e os problemas trazidos pelo uso da Web como veículo de subsituição
do ambiente convencional de aula, bem como as implicações
psicológicas de apregoar um desequilíbrio social e cutural
enorme, já que o uso de tecnologias como esta coloca os alunos distante
do convívio acadêmico/social tão importante na formação
de bons profisssionais.
Seria válido utilizar o WebCT como ferramenta de apoio em cursos
convencionais, para a publicação de material didático
e de apoio, lista de exercícios e avaliações. Além
disso, algumas outras ferramentas poderiam ser utilizadas em conjunto para
preencher algumas das lacunas do WebCT identificadas aqui, dentre elas
poderiamos citar: HM-Card - sistema de autoria hipermídia,
o TopClass - ferramenta de apoio ao ensino, PerfectMatch
- aplicação e administração de exercícios
e o Test Pilot - criação e publicação
de testes e surveys via Web.
Referências
-
1
-
[on-line] http://homebrew1.cs.ubc.ca/webct. Webct - world wide web
courses tools.
-
2
-
W.A.S. Buxton R.M. Baecker, J. Grudin and S. Greenberg, editors.
Human-Computer Interaction: Toward the Year 2000. Morgan Kaufmann,
1995.
-
3
-
Tom Rodden. A survey of cscw systems. Technical Report 13, DCS -
Lancaster University, 1992.
-
4
-
R. Steinmetz and K. Nahrstedt. Multimedia: Computing, Communications
& Applications. Prentice Hall, 1995.
-
5
-
B. Woolf and W. Hall. Multimedia pedagogues: Interactive systems
for teaching and learning. IEEE Computer, 28(5), May 1995.
Notas de Rodapé
-
...colaborativos
-
Os fatores relacionados com a interação homem-máquina-homem
serão tratados como outro paradigma na próxima seção.
-
...posicionados
-
Como cada ator tem uma vista diferenciada do ambiente, o processo de navegação
e as ferramentas mudam de um ator para outro. Assim, escolhemos mostrar
as ferramentas de interação do WebCT na visão do estudante,
já que estamos ressaltando o processo de ensino na Web.
Luiz Gonzaga da Silveira Jr.
Tue Jul 7 21:22:11 EST 1998