------------------------------------------------------------------------ Visão geral da “Hipermídia Adaptativa” IA368 – Tópicos em Engenharia de Computação V Profs. Drs. Ivan L. M. Ricarte & Léo Pini Magalhães Departamento de Controle e Automação (DCA) Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) U N I C A M P Carlos Augusto Fernandes Dagnone (e-mail: dagnone@fem.unicamp.br) Departamento de Engenharia de Fabricação (DEF) Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) U N I C A M P ------------------------------------------------------------------------ Visão geral da “Hipermedia Adaptativa” – Monografia ÍNDICE 1 - Introdução 2 - Os Sistemas Hipermídia (SH) 2.1 - Motivação dos Sistemas Hipermídia - Raízes 2.2 - Conceituação 2.3 - É possível o uso de SH na educação ? 2.4 - Algumas limitações 3 - Os Sistemas Tutores Inteligentes (STI) 3.1 - Os computadores e a educação 3.2 - O que são STI ? 3.3 - Fatores que tornam os STI algo ineficazes 4 - A fusão: Sistemas Hipermídia Adaptativos (SHA) 4.1 - Uma idéia (aparentemente) óbvia 4.2 - Sistemas Hipermídia Adaptativos 4.3 - Característica principal dos SHA 4.4 - O Módulo Hipermídia Adaptativo (MHA) 4.5 - Alguns SHA desenvolvidos e peculiaridades 5 - Conclusões 6 - Referências bibliográficas & Links ------------------------------------------------------------------------ 1 - Introdução Auxiliar a tarefa de educar certamente não foi o motivo pelo qual os computadores foram desenvolvidos. Os esforços despendidos na pesquisa, construção e utilização dos grandes (e ineficientes, na maioria das vezes) sistemas de computação viram-se voltados aos propósitos bélicos que assolaram, mais uma vez, a Europa e Estados Unidos a partir da década de 40. Das mentes brilhantes que surgiram nesse período, poucas deram importância ao fato de que, ao invés de servirem como coadjuvantes nos terrores da guerra, os computadores poderiam ser empregados num serviço mais construtivo e diametralmente oposto: ajudar na construção de um mundo melhor. De qualquer modo, terminadas as ameaças do segundo conflito mundial do século XX, passou-se a pensar com mais intensidade nesta possibilidade e algumas das idéias que hoje constituem um dos ramos fundamentais da informática (manipulação e gerenciamento de informações) partiram não de técnicos, mas, antes, de filósofos e pensadores, preocupados não em substituir os meios tradicionais de armazenamento de dados, mas, pelo menos, em tornar a consulta e o acesso a estes mais fácil e intuitivo. Por outro lado, o desenvolvimento dos recursos computacionais ao longo dos anos motivou pedagogos e profissionais correlatos a pensar em seu uso na tarefa de auxiliar o ensino. Entretanto essa intenção data de um período mais recente e, embora as idéias de facilitar a manipulação e consulta à informações tenham produzido alguns resultados nesse período, o surgimento de sistemas educacionais mediados por computador correu paralelamente a estes. Em outras palavras, não foi tirado proveito das facilidades que poderiam advir da integração entre esses dois conceitos. Neste trabalho, portanto, será dada uma visão geral sobre o que é chamado de Hipermídia Adaptativa, uma tentativa de conciliar a globalização racional da informação fornecida pelos Sistemas Hipermídia com as capacidades de avaliação por assunto de um usuário servindo-se de um Sistema Tutor Inteligente. 2 - Os Sistemas Hipermídia (SH) 2.1 - Motivação dos Sistemas Hipermídia - Raízes Desde o século XVII o mundo tem crescido tanto em população quanto em nível de conhecimento. Fosse nas Ciências Naturais, ou nas Exatas, ou, a partir do início do século XIX mais especificamente, nos processos industriais e manufatureiros, a quantidade de descobertas, leis e teorias anunciadas aumentou à medida que, proporcionalmente, era mais difícil catalogar e gerenciar essas informações para referências futuras. Foi pensando nessas dificuldades que, a partir de 1945 com Vannevar Bush [1], cientista à frente de seu tempo, começou-se a propor meios para manipulações eficientes de dados, de um modo intuitivo e que o próprio usuário pudesse guiar de acordo com seus interesses. Nascia a idéia do que o futuro chamaria de hipermídia. A partir das sementes plantadas por Bush, novas propostas surgiram, entre as quais podemos citar, por exemplo, os NoteCards da Xerox Company [2] e mesmo uma linguagem orientada à aplicações do gênero : o HyTime [3]. É interessante notar que tanto os NoteCards quanto o HyTime surgiram mais de quarenta anos após as especulações de Bush acerca de um tal sistema de organização. Tudo se baseava na necessidade de, dispondo-se de uma grande gama de informações armazenadas de modo não necessariamente otimizado, buscar algum dado de interesse seguindo uma linha de raciocínio lógico. Em outras palavras, fornecido um assunto sobre o qual se quer pesquisar, é aberto um leque de caminhos a partir dos quais o usuário pode traçar todo um percurso de conhecimento encadeado, levando ao conhecimento desejado. 2.2 - Conceituação Isto posto, passa-se agora à definição formal de: Sistemas Hipermídia: dado um conjunto de informações, um Sistema Hipermídia é um meio capaz de disponibilizá-las de modo relacionado e em diferentes formatos (seja por texto, gráficos ou sons), e permitir a navegação entre essas informações dispostas em páginas chamadas nós através de "links". Esta é uma definição proposta pelo autor deste trabalho. Note as três palavras-chave na definição acima: navegação, nós e "links" (preferiu-se manter o original inglês ao invés do correspondente em português ligação). Elas definem uma das características marcantes dos SH: seu caráter não-linear. De fato, ao se dispor de um conjunto de documentos relacionados, pode-se perfeitamente enquadrá-los numa configuração de rede, onde cada documento é um nó e cada caminho existente ligando um documento a outro é um "link" (ou ligação). Óbvio está que, situando-se num determinado nó, o usuário de um SH tem liberdade total de navegar em qualquer direção disponível, inclusive podendo ir a um outro ponto no mesmo documento; assim, não há compromisso entre o que foi pesquisado antes e o que está sendo no momento estudado. O usuário é quem escolhe os caminhos que vai seguir, dentro do seu conhecimento sobre o assunto. A menos que se enfatize o contrário, é possível ir de um nó a outro e vice-versa (reciprocidade), bem como é possível também que não apenas mais um, mas diversos outros nós possam ser alcançados a partir do qual se está. Por outro lado, vários nós podem ter referência a um mesmo nó. Observa-se, portanto, a grande flexibilidade introduzida pelos SH na localização de documentos que, entretanto, pode redundar em certos problemas que atingem principalmente os usuários leigos. Na seção 2.4 serão discutidas algumas limitações tanto de ordem educacional quanto de ordem prática. Nos dias atuais, falar em hipermídia significa dispor de informações no formato de texto (o mais simples), podendo ser acrescido de gráficos, imagens animadas, vídeos gravados, áudio digitalizado ou outros meios que foram tornados possíveis graças à tecnologia. É importante salientar que o conceito de hipermídia não envolve a natureza de exibição das informações, mas como elas podem ser consultadas. Desse modo, é um sistema hipermídia tanto um simples terminal de texto designado para tal como uma moderna estação gráfica de trabalho, dispondo de todos os recursos áudio-visuais (monitores de alta definição, speakers, etc.). O uso desses recursos constitui a natureza dos documentos multimídia, de conceituação diversa [3]. 2.3 - É possível o uso de SH na educação ? Em se tratando de processos educacionais onde o computador desempenha um papel de auxílio / avaliação, deve-se ter como resposta afirmativa as seguintes questões para que se possa comprovar o sucesso na tarefa de ensinar: - O sistema computacional empregado é de fácil uso ? - É capaz de ser personalizado para cada aluno (isto é: pode reagir de modo distinto dependendo das vezes anteriores que cada aluno o usou ?) - É capaz de avaliar o aluno ? - É capaz de restringir ao essencial a gama de informações de que o aluno pode dispor ? No âmbito da conceituação de hipermídia visto na seção anterior, vemos que a pelo menos três dessas questões a resposta é negativa. Embora fáceis de usar (na maioria das vezes), os SH não fornecem estruturas capazes de avaliar, restringir ou personalizar as pesquisas dos usuários que deles se servem. Se for considerado que a um sistema educaional mediado por computador deve prover meios de disponibilizar informações e avaliar o feedback gerado por tal atitude através de avaliações constantes (sempre lembrando que a máquina nunca deve substituir por completo na tarefa), então facilmente vê-se que os SH não podem ser adequados, em sua definição formal, pois falta o elemento essencial do processo: a interação entre aluno / avaliador (o computador, operado pelo instrutor humano). 2.4 - Algumas limitações Além dos problemas citados acima, que contam pontos negativos às pretensões dos SH de serem sistemas educativos, uma outra dificuldade independente, inerente ao uso de máquinas, surge como agravante: a falta de habilidade (inicial) com os mecanismos de consulta constantes dos SH. Numa teia de informações que se tornou tão vasta, é muito fácil que um usuário inexperiente se perca entre elas. As razões são várias: falta de atenção, divagações, tentativas infrutíferas de procurar um determinado assunto ou mera curiosidade; todas essas reações, aliás muito naturais para quem ainda não se familiarizou com os SH, podem levar à condição do que se convencionou denominar "perdido(a) no hiperespaço". Em tempo, hiperespaço nada mais é do que o conjunto de nós e "links". Mesmo para usuários experientes, não é difícil de se atingir a condição acima. Nesse caso, a perda no hiperespaço ocorre devido menos à incapacidade de navegar de modo estritamente ordenado do que à vontade que o usuário tem de querer visitar "tudo de uma vez". Às vezes, têm-se tantas opções de navegação que uma pessoa experiente no uso de SH pode querer seguir por um caminho e, descobrindo afinidades com o assunto, querer voltar atrás para uma outra consulta que também achou interessante e assim prosseguir, até perder o fio de raciocínio inicial. Encarando dessa maneira, conclui-se ser inviável a adoção exclusiva de SH para a construção de ambientes educativos. É necessário que se "lapide" um pouco mais a excessiva liberdade que estes propiciam, de modo a se conseguir algo mais eficiente. 3 - Os Sistemas Tutores Inteligentes (STI) 3.1 - Os computadores e a educação O uso de computadores na educação é um fenômeno relativamente recente. Na década de 80 era muito popular o uso da linguagem LOGO na educação infantil, destinada a familiarizar a criança com conceitos geométricos através de uma "tartaruga" manipulada por esta linguagem e que fazia desenhos numa folha de papel. Por outro lado, se for considerada a educação num nível mais elevado, inicialmente, foram projetados apenas softwares destinados à Instrução Assistida por Computador (IAC). Mesmo os micros domésticos dispunham de alguns programas nesse sentido, incapazes, porém, de desenvolverem uma avaliação detalhada e individual do aluno. No campo dos micros de 8 bits, havia um tutorial de ensino de língua portuguesa e redação disponível para a plataforma MSX (Expert / HotBit). As limitações evidentes nos sistemas de IAC eram justamente a incapacidade de ministrar um conteúdo disciplinar diferente para cada aluno, e a falta de meios de se efetuar uma avaliação completa, com base nesse conteúdo. Eram feitas apenas avaliações "locais": por exemplo, no caso do "professor" de português acima, era apresentada uma determinada matéria (básica) sobre o idioma, seguidos de alguns testes finais que avaliavam superficialmente a assimilação do que foi explanado. Claro está que nenhuma diferenciação era feita entre um aluno que conhecesse bem as regras gramaticais e um outro que estivesse aprendendo a ler e escrever. Tampouco havia a sugestão de uma "linha evolutiva" de assuntos a serem aprendidos, muito menos um mecanismo de avaliação eficiente o bastante para determinar se o aluno pode seguir adiante nessa escala ou regredir alguns passos para rever conceitos. Maiores estudos na área de Inteligência Artificial (IA) permitiram a implementação dessas facilidades, que passaram a constituir os requisitos mínimos para os chamados Sistemas Tutores Inteligentes (STI). 3.2 - O que são STI ? Historicamente falando, os STI vieram substituir os Sistemas de IAC justamente por incorporarem técnicas de IA que lhes davam três características básicas e preponderantes sobre estes, segundo Capps e Burns em [4]: - Capacidade de inferirem sobre um assunto conhecido e/ou resolva problemas que estejam em seu escopo de atuação; - Capacidade de avaliar o aluno; - Capacidade de propor abordagens diferentes de um mesmo assunto de maneira a minimizar a diferença entre um aprendiz e um especialista, através de conceitos pedagógicos. Dessa maneira, estrutura-se um STI em quatro módulos básicos [5] : a) Módulo do Domínio; b) Módulo do Aprendiz; c) Módulo do Tutor; d) Módulo da Comunicação. Cada um desses módulos deve estar relacionado entre si de maneira a interagirem e juntos criarem um ambiente integrado de ensino/avaliação/manutenção de conteúdos: [Image] De um modo mais detalhado, temos: a) Módulo do Domínio: É o banco de dados onde todo o conhecimento sobre determinado assunto está armazenado. A maneira pela qual o conhecimento é adquirido tem sido tema de pesquisas nos últimos anos. A aquisição de informações se dá por dois processos: o convencional (dados obtidos por especialistas e registrados textualmente) e por imagens. Em [10], maiores detalhes podem ser encontrados; b) Módulo do Aprendiz: Este outro banco de dados mantém informações atualizadas sobre cada aluno e registra a evolução deste ao longo do processo educacional. Com base nos dados aí contidos é que o Módulo Tutor (que será visto a seguir) se baseia para preparar o conteúdo a ser estudado. O Módulo do Aprendiz ainda é responsável pela identificação de conceitos errados / inexistentes por parte do estudante, que são catalogados para posterior identificação de problemas futuros. O aprendiz pode ser modelado de diversas maneiras, e em [11] são discutidas as tendências de pesquisa nesse sentido; c) Módulo do Tutor: Constituindo uma das partes fundamentais de um STI, o Módulo Tutor, segundo Polson [4], controla toda a sequência de informações apresentada de acordo com os dados obtidos dos dois módulos anteriores. também é capaz de formular questões, analisá-las e verificar se, de acordo com as respostas , o aluno está apto a passar adiante ou necessita de ajuda , em cujo caso também é possível dimensionar o grau de ajuda e fornecê-la ao estudante. De acordo com o diagrama acima, o Módulo Tutor situa-se entre a aquisição de dados e a apresentação destes, que se dá ao usuário pelo Módulo de Comunicação; d) Módulo da Comunicação: A apresentação dos dados resultantes do processo de seleção feita pelo Módulo do Tutor deve ser o mais transparente possível. Aliás, toda a interface entre o usuário e os resultados de uma operação feita por ele deveria ser assim, uma vez que clareza e objetividade são essenciais no desenvolvimento de um trabalho rápido e ordenado. Além disso, em se tratando de usuários novatos, pelo menos dois problemas sérios surgem quando do uso de STI: - Ter que aprender sobre um assunto que não domina; - Ter, ainda, que se familiarizar com o instrumento que o guiará através dessa aprendizagem. Segundo Miller em [4], é possível projetar interfaces seguindo-se duas metodologias: - A chamada Interface de Primeira Pessoa apresenta uma interface gráfica na qual objetos como botões e ícones simbolizam uma determinada ação, permitindo a realização de tarefas complexas de maneira simples; - A Interface de Segunda Pessoa por sua vez consiste no fornecimento ao STI de frases digitadas (ou seja, comandos escritos) para que uma determinada ação seja concretizada. Claro está que a escolha desta ou daquela interface depende do que se espera da aplicação, entretanto, nos dois casos, deve-se primar pela clareza e facilidade com a qual o usuário irá interagir com o STI no processo de aprendizagem. Vê-se, portanto, que os STI levam a respostas positivas quando consideramos os quesitos listados no item 2.3, inclusive a facilidade de uso. Logo, conclui-se pela maior capacidade de ensino desses sistemas. 3.3 - Fatores que tornam os STI algo ineficazes Apesar de todas as funcionalidades descritas acima, os STI apresentam alguns fatores que comprometem a eficiência de sua capacidade. O principal deles (que pode ser inferido de tudo o que foi escrito acima) é a excessiva rigidez com que o aluno é surpreendido em suas tentativas de seguir os caminhos que melhor lhe convierem. Tendo-se traçado um plano de trabalho e de estudo, o aluno realmente interessado quererá, por vezes, extrapolar, ou meramente "olhar à frente" para ver o que o espera e será barrado, fatalmente, pelo STI. Esta pode não ser uma desvantagem muito grave, mas se torna inconveniente e frustrante para os alunos mais adiantados, ou, por outra, com maior facilidade de assimilação de conteúdo, por impossibilitarem uma pesquisa mais categorizada e avançada. Desse modo, o entusiamo do aluno pode diminuir ao se sentir relegado à fileira dos "autômatos", seguindo sempre o mesmo caminho. Lembrando-se do que já foi discutido sobre SH, o mesmo perigo de se gerar "caminhos fixos" pode aí acontecer. Percebe-se então o antagonismo existente entre os SH e os STI: o primeiro permite demais, sem qualquer critério; o segundo pode ser extremamente restrito, porém é mais eficiente na hora de avaliar o usuário. O leitor interessado poderá obter mais informações consultando o site do Instituto Superior Técnico de Portugal, em [12], na área de Ensino Assistido por Computador. 4 - A fusão: Sistemas Hipermídia Adaptativos (SHA) 4.1 - Uma idéia (aparentemente) óbvia O antagonismo acima sugerido torna clara a necessidade de se eliminar as deficiências de ambos os sistemas num só. Desse modo, é proposto que o STI incorpore o SH, originando assim o chamado Sistema Hipermídia Adaptativo (SHA). Desse modo, obtém-se um ambiente no qual a excessiva liberdade dos SH fica restrita ao comando do STI (ou, por outro lado, a rigidez extrema dos STI é quebrada pela flexibilidade dos SH), propiciando facilidades de uso e tornando mais eficaz a tarefa educativa. Brusilovsky em [7] define também o conceito de AIA (Ambiente Integrado de Aprendizagem), diferente de um SHA como se verá mais adiante. No AIA, todos os componentes do ambiente se comunicam, suportam programação baseada em exemplos, possibilidade de análise da solução do problema pelo próprio usuário e facilidades de depuração de erros. 4.2 - Sistemas Hipermídia Adaptativos Segundo Brusilovsky em [7], a Hipermídia Adaptativa pode ser útil em qualquer caso em que o hiperespaço seja grande e/ou quando o sistema está dimensionado para ser usado por diversas pessoas, com diferentes níveis de conhecimento e potencial. Além disso, o próprio SH já tem características de adaptatividade, uma vez que possibilita ao usuário decidir que caminho seguir dentro de uma aplicação. Entretanto essa adaptatividade fica comprometida se não for controlada de algum modo. Nesse ponto entram os STI, que, restringindo os "links" e nós a serem seguidos, permitem ao usuário navegar livremente por toda a gama de conhecimento pertinente ao assunto que aquele se dispôs a estudar. Isso constitui o novo modelo de SH denominado Sistema Hipermídia Adaptativa. 4.3 - Característica principal dos SHA Os SHA possuem como característica marcante as formas de adaptatividade. Brusilovsky propõe em [7] e em [8], respectivamente, duas formas principais: - Adaptatividade na apresentação: dependendo do que o Módulo Tutor fornecer em termos de conhecimento do aluno sobre um assunto, seus objetivos e sobre o que o próprio sistema sabe sobre aquele assunto (consultado no Módulo Domínio), será apresentado apenas o conteúdo relevante e que o usuário está pronto para receber. Assim sendo, as probabilidades de a página já estar pronta são muito pequenas, e pode ser necessário que ela seja montada em tempo real, no momento da requisição. Isso traz benefícios estéticos ao usuário, que pode determinar como quer que as informações sejam dispostas na tela; - Adaptatividade na navegação: por outro lado, esta forma de adaptatividade limita mais o usuário, conduzindo-o através de "links" sugeridos estritamente de acordo com a solicitação feita. Assim, evita-se que ele se perca (pois, ainda que o espaço de documentos seja menor, ele ainda pode ser suficientemente grande para levar um usuário menos avisado a se perder). 4.4 - O Módulo Hipermídia Adaptativo (MHA) Dadas todas as características e definições a respeito dos SHA, pode-se observar que a adaptatividade envolve totalmente o Módulo de Comunicação e parcialmente o Módulo Tutor. Isso faz sentido se for lembrado que, dentro de um SHA, este faz o papel de ponte entre os bancos de dados de conhecimento e alunos e a apresentação dos resultados. Desse modo, é proposto em [5] um novo esquema que introduz o Módulo Hipermídia Adaptativo (MHA): [Image] A diferença básica entre um MHA assim descrito e um AIA é que no primeiro não só o Módulo Tutor é o responsável por ser o guia do estudante durante o processo de aprendizagem: o MHA também pode influenciar diretamente as decisões tomadas pelo Tutor. É necessário porém cautela para que não haja duplicação de informações. Alguns pontos podem ser ressaltados a respeito dessa abordagem: - Como o MHA envolve completamente o Módulo da Comunicação, é de responsabilidade daquele todo o gerenciamento pertinente à apresentação das informações. Podem ser usadas para isso as interfaces de primeira e segunda pessoas, descritas no item 3.2; - Ainda com relação à apresentação, a adaptatividade do MHA pode ser empregada para exibir os conteúdos corretos, numa ordem desejada; - Portanto, o MHA também deve estar apto a ajudar o usuário na hora de decidir que caminho este seguirá: o sistema pode tornar tópicos mais relevantes algo mais destacados no vídeo, etc.; - Por fim, o MHA deve, em sua pequena parcela de interação com o Tutor, "mantê- lo informado" sobre o comportamento do usuário ao longo de sua experiência com o sistema. Observa-se nesses itens a colaboração entre os dois módulos. 4.5 - Alguns SHA desenvolvidos e peculiaridades A título de curiosidade, seguem algumas das implementações feitas usando-se os conceitos vistos neste trabalho. São softwares distintos, mas todos fazendo uso da mesma filosofia: ELM-ART: É um tutor sobre linguagem LISP. Faz uso de conceitos de AIA. Apresenta conceitos de forma hierárquica. Dispõe de telas de ajuda. Usa WWW e por isso tem um caráter de ensino à distância que pode ser bem explorado. Maiores informações são encontradas em [13]; ISIS-TUTOR: Utilizado para a aprendizagem da linguagem CDS/ISIS, destinada à recuperação de informações. Também é um AIA. Detalhes em [14]; PUSH: Sistema consultivo sobre etapas de processos industriais. É totalmente voltado para a WWW. Informações em [9]; ANATOM-TUTOR: Tutor de anatomia cerebral, para universitários. Informações mais detalhadas em [6]. Ainda há outros sistemas como o HyperTutor, HyperFlex e MetaDoc. Todos fazem uso, de maior ou menor intensidade, de conceitos de HA. O que varia é a importância dada a um ou outro módulo. 5 - Conclusões No intuito de melhorar os mecanismos de ensino mediados por computador, foi proposto o conceito de Sistemas Hipermídia Adaptativa (SHA), do qual se teve uma visão geral baseada nas duas ferramentas que os formam: os Sistemas Hipermídia (SH) e os Sistemas Tutores Inteligentes (STI). Dadas as limitações de ambos os sistemas isoladamente, observou-se um aumento de eficiência no ato de ensinar ao se fundir tanto SH como STI numa única ferramenta, pois assim deficiências dos dois lados seriam compensadas. O emprego de Sistemas de Hipermídia Adaptativa podem ser pensados também no ensino à distância e, assim, com o advento das redes de computadores e da WWW, esta é uma opção que pode vir a melhorar muito os atuais mecanismos de aprendizagem. Iniciativas nesse setor podem ser observadas pelos softwares já existentes, como o ELM-ART e o PUSH. Desse modo, observa-se o crescimento e a difusão desses mecanismos, que só podem ajudar a agilizar o processo educativo. Cabe lembrar que ainda diversos estudos devem ser feitos para que os sistemas de instrução mediada por computador se tornem mais eficientes e fáceis de usar. 6 - Referências bibliográficas & Links [1] "As we may think", Vannevar Bush, The Atlantic Monthly, July 1945 [2] "Reflections on NoteCards: Seven issues for the next generation of hypermedia systems", Frank G. Halasz, Communications of the ACM 31(7), pp.836-852, July 1988 [3] "The 'HyTime' Hypermedia/Time-based Document Structuring Language", Steven R. Newcomb, Neill A. Kipp, Victoria T. Newcomb, Communications of the ACM 34(11), pp.67-83, November 1991 [4] "Foundations of Intelligent Tutoring Systems", M.C. Polson, J.J. Richardson, New Jersey, Lawrence Erlbaum Associates, Inc., 1988 [5] "Definição de um módulo hipermídia adaptativo para integrar sistemas tutores inteligentes", Marcelo M. Coelho, Instituto Tecnológico de Aertonáutica, 1996 [6] "User Modelling and Hypertext Adaptation in the Tutoring System", I. Beaumont, 1996, em http://www.education.uts.edu.au/projects/ah/Beaumont.html [7] "Adaptative Hipermedia: an Attempt to Analyse and Generalize", P. Brusilovsky, 1995,em http://www.education.uts.edu.au/projects/ah/Brusilovsky.html [8] "Intelligent Tutoring Systems for WWW", P. Brusilovsky, 1995, em http://www.igd.fhg.de/www/www95/proceedings/posters/48/index.html [9] "Interface to an Adaptative Hypermedia System", F. Espinoza, 1996, em http://www.sics.se/~kia/PAAM_sumission.html [10] "Aquisição de conhecimento através de imagens", Elaine Tomei, 1996, em http://www.comp.ita.cta.br/~elainet/paper.html [11] "Tendências nas Áreas de Sistemas Tutores Inteligentes e Modelagem do Estudante", Maria G. B. Marietto, 1996, em http://www.comp.ita.cta.br/~marietto/tipaper.html [12] "Ensino Assistido por Computador", página do IST (Instituto Superior Técnico) de Portugal, em http://camoes.rnl.ist.utl.pt/~ic-eac/POR/eac-principal.html [13] "Episodic Learner Model - The Adaptative Remote Tutor", página disponível em http://www.psychologie.uni-trier.de:8000/elmart [14] "ISIS-Tutor: An Intelligent Learning Environment for CDS/ISIS Users", P. Brusilovsky, 1995, em http://cs.joensuu.fi/~mtuki/www_clce.270296/Brusilov.html