Quando falamos em Hipermedia imediatamente pensamos em Hipertexto e Multimídia. Inicialmente vamos
definir cada um destes termos, que estão inseridos neste contexto.
O termo Hipertexto, citado pela primeira vez por Ted Nelson em 1965, caracteriza a navegação de ligações arbitrárias entre segmentos de dados, permitindo a personalização da ordem em que ocorre a percepção dos mesmos. Essa estrutura associativa não necessita ser linear, podendo ser não sequencial e não hierárquica.
Já Multimídia é o termo usado para descrever a utilização de diversos tipos de mídia para representação, registro e uso da informação.
Através da combinação de Hipertexto e Multimídia obtemos a Hipermídia. Nela as características do hipertexto, como a estrutura associativa, não linear e não hirárquica pode ser usada em dados registrados em diferentes tipos de mídia.
Hipermídia é um estilo de construção de sistemas de informações que representa e gerencia uma rede de nós multimídia interconectados por links. As ferramentas, ambientes e soluções que estão se desenvolvendo hoje, estão fundamentadas nas idéias e princípios emitidos por Vannevar Busch, Diretor do Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento Científico, na época da segunda guerra mundial.
Busch escreveu para a revista The Atlantic Monthly em Julho de 1945, onde forneceu idéias de como todo o contingente de cientistas, que estavam dedicados ao esforço de guerra, deveriam se comportar após a mesma, nos mais diversos segmentos do conhecimento humano. Para ele, os métodos de divulgação dos resultados de pesquisas, então utilizados, eram velhos e totalmente inadequados. Imaginou um sistema chamado memex que possuia armazenamento de informação e meios de comunicação, que poderiam ser consultados com rapidez e flexibilidade, podendo ser operado a distância. Pretendia uma mudança radical nas relações do pensamento humano, baseado na agilização da propagação do conhecimento, formas de facilitar as associações, trocas e armazenamento, fazendo uso do acervo existente e cooperando para incrementá-lo.
Para a implementação de um sistema tão audacioso para a época, ele conclamou o meio científico que estava mobilizado para a guerra. A partir do final da guerra, eles deveriam concentrar os esforços para fins de melhoria e aperfeiçomento do pensamento humano.
Historicamente, a primeira geração de sistemas hipermídia é composta por produtos como NLS, FRESS e ZOG, que são originários de ambiente mainframe. No começo da década de 80 começa a nascer a segunda geração hipermídia e sistemas como NoteCards, desenvolvido pela Xerox PARC, Neptune, Intermedia e KMS. Foram concebidos para suportar a tarefa de transformar uma coleção caótica de pensamentos não relacionados, em uma interconexão de idéias intregradas e interpretadas ordenadamente.
O NoteCards é uma tentativa de implementação de um ambiente hipermídia, baseado em estação de trabalho, para ajudar no trabalho com idéias. Possui facilidade de amostragem, navegação e manipulação baseada em uma rede. Essa rede serve como meio onde os usuários representam uma coleção de idéias relacionadas. Esse produto está baseado em quatro elementos que são: tipos de cartões, browsers, links, e fileboxes .
Através da observação do desempenho das primeiras gerações de produtos hipermídia, como o NoteCards, constatou-se algumas deficiências que deveriam ser sanadas para a obtenção de um ambiente verdadeiramente hipermídia, sendo:
Com os notáveis avanços nas áreas de telecomunicações e computação nos últimos anos, permitindo a troca e processamento das informações cada vez mais rápido e eficiente, é desejável que todas essas informações sejam interoperáveis, ou seja, que exista um padrão de interoperabilidade entre as mesmas, independentemente de sua heterogeneidade, notação ou origem.
Para tanto, foi proposto um padrão baseado em SGML (Standard Generalized Markup Language), chamado HiTime Hipermedia (Time-based Document Structuring Language). Baseado no SGML/HyTime todos os tipos de documentos poderiam usar uma marcação padrão, provendo informações sobre estruturas e notações, entendidas ou interpretadas por qualquer aplicação.
Uma estrutura comum de linguagem é necessária em hipermídia, para permitir as comunicações de humanos em diferentes tipos de mídia, que normalmente serão heterogêneos. O HyTime permite uma visão multimídia e de hipertexto, com áudio e vídeo, independentemente de serem ou não proprietárias. Sem ele, não há um padrão para representação de dependência de tempo.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (US-DoD), adotou o HyTime no seu projeto de manual técnico eletrônico, IETM (Interactive Electronic Technical Manual). Foi adotado pelas seguintes razões:
O HyTime apresenta a facilidade de modularidade, isto é, somente aquelas porções que são apropriadas para um dado documento ou aplicação são suportadas. Um documento pode ser somente multimídia, somente hipertexto, somente baseado em tempo, baseado em espaço ou ainda a combinação dos dois últimos. Além disso, permite endereçamento baseado em nomes ou posições.
Baseado nos conceitos apresentados até o momento, verifica-se que a World Wide Web atual não contempla todas as característricas de um ambiente hipertexto e hipermídia. Vale lembrar que hoje, a Web tem uma grande importância, tendo contribuído, em muito, para a pesquisa e conhecimento como um todo. Mas acredita-se que, sua evolução será um ambiente hipermídia.
A partir disso, podemos afirmar que educação, hipertexto e hipermídia serão termos relacionados pois sabemos que o raciocínio humano trabalha em função de uma lógica de associações. Logo, quanto maior o número de associações disponíveis, simultâneas ou não, maior será o enriquecimento da qualidade do pensamento. A possibilidade do uso de asssociações, aliada a disponibilidade cada vez maior de informações, bem como a troca de idéias entre os componentes dessa rede, juntamente com todo acervo já disponível, proporcionará certamente um crescimento exponencial do pensamento humano em quantidade, bem como em qualidade. Com isso, sem dúvida nenhuma, esse ambiente será um forte alavancador da eduação.
Bibliografia:
Grupo de alunos (G1):
Data: 12/03/1998:
Last modified: Tue Mar 31 12:05:58 BRA 1998