Caracterização de Sistemas Hipermedia
Rachel Santos Schulze, Maria Fernanda,
Marcelo Morandini, Marcelo Tilli, Armando Luiz N. Delgado
Relator: Armando
Luiz N. Delgado
Sumário:
Introdução
Motivação, Evolução
e Caracterização
WWW como base para Sistemas Hipertexto/Hipermedia
AmbientesEducacionais e Sistemas Hipertexto/Hipermedia
Conclusões
A organização sistemática do conhecimento, bem como a criação de metodos adequados para utilização e consulta deste conhecimento tem sido uma preocupação constante nas diversas atividades humanas.
Uma das soluções surgidas para este problema foi o conceito de hipertexto e hipermedia, que pode ser a principio definido como a forma na qual a informação é organizada e disponibilizada de uma maneira não-linear, envolvendo o meio mais adequado para disponibilizar a informação (texto, graficos, imagens, audio, etc.).
O presente trabalho tem por objetivo mostrar as principais caracteristicas de tais sistemas, analisando em seguida uma tecnologia - a WWW - como base para sistemas de hipermedia/hipertexto. O trabalho finaliza com uma analise de uma aplicação generica - ambientes para educação - e como sistemas hipermedia podem ser usados nela.
2. Motivação, Evolução e Caracterização
A necessidade de colecionar, compilar e organizar um vasto conjunto de informações tem sido uma constante em diversas áreas do conhecimento humano ([Bush45], [Demmer94]). A principal preocupação é a de que o volume de informação gerado em qualquer área de conhecimento é tão vasto, que é necessário algum mecanismo ou sistema que possibilite o armazenamento desta informação de forma que as diversas ideias, conceitos e soluções de problemas possam ser facilmente recuperadas e interrelacionadas.
Como observado em [Bush45], a forma tradicional de registro linear (e.g. livros, textos, etc.) não é o mecanismo ideal, principalmente no que diz respeito ao acesso a informações interrelacionadas. O ideal é uma forma não-linear em que a informação e suas interrelações com outras informações estejam disponiveis a uma pessoa de maneira imediata e no momento mais conveniente a esta pessoa.
Estas considerações foram feitas em 1945, no periodo final da II Grande Guerra, mas foi somente em 1965 que o assunto voltou a ser considerado, com Ted Nelson lancando as bases do que passou a ser chamado de hipertexto. Aqui este conceito é definido como um tipo de texto não-linear, composto de nós, cujo conteúdo são informações textuais, nos quais podem ser indicados elementos denominados links que representam uma conexao com outro nó onde se encontra alguma informação. A expressão não-linear se refere à forma com que o usuario lê o hipertexto, escolhendo a sequência de nós (ou caminho de leitura) ao invés de seguir linearmente um documento do início ao fim ([Demmer94]). Com a evolução tecnológica de outras formas de exibição de informação, o conceito de hipertexto evoluiu para o conceito de hipermedia, no qual se tem nós multi-media (graficos, voz digitalizada, audio, figuras, animação, filmes, etc.) conectados por links (Conkiln87], [Halasz88]).
Embora o conceito básico envolva a idéia de nós com informação conectados e/ou referenciados por links, existe uma séria de outros conceitos e elementos adicionais que foram surgindo com as diversas implementações (bem sucedidas ou não) para sistemas de hipertexto/hipermedia. Como pode ser observado em [Conklin87], [Halasz88] e [DeBra97].
Além disso estes sistemas evoluiram de uma abordagem local, em que todos os nós do hipertexto se localizam em um único computador, para hipertextos cujos nós estão localizados em diferentes computadores em uma rede de computadores (LAN ou WAN). Com isto, conceitos como links dependentes de contexto, composição de nós, e novos tipos de operações de consulta sobre hipertextos, levam a uma variedade muito grande de primitivas e conceitos, exigindo uma notação padrao para hipertextos / hipermedia, como feito pela OSI ([Newcomb91]).
Apesar de tal variância de soluções e conceitos, os diversos sistemas ainda deixam de abordar funções importantes para hipermedia, ou as abordam de modo ineficiente ou incompleto. Estas funções são ([Halasz88]):
As diversas implementações de hipertexto surgidas desde 1965 englobam algumas ou nenhuma destas funções, o que se deve em grande parte à tecnologia disponivel para a implementação.
O que se verá a seguir é a adequação da tecnologia WWW para sistemas hipermedia/hipertexto e na seção seguinte será abordada a aplicação de sistemas de hipertexto/hipermedia em ambientes educacionais.
3. WWW como base para Sistemas Hipertexto/Hipermedia
Analisando a tecnologia envolvida na WWW, notadamente percebe-se que esta seria uma tecnologia adequada a um sistema hipermedia distribuído simples, em que o volume de nós não fosse excessivamente grande. Para volumes extensos de nós ou para aplicações mais complexas como sistemas de autoria ou de desenvolvimento de software, a WWW não oferece bons recursos. Estas classes de aplicação demandam de um sistema hipermedia boa parte das funções mencionadas na seção anterior, e a WWW não suporta todas estas funções.
De início, a WWW não tem qualquer suporte para controle de versões e para trabalho colaborativo. O protocolo HTTP teria que ser radicalmente extendido, incluindo funções de gerência de concorrência.
Os mecanismos de consulta e busca de informação na WWW são bastante simples e ineficiente, o que pode ser comprovado quando se tenta fazer uma consulta em uma vasta quantidade de fontes na Internet=2E A quantidade de dados relevantes obtidos é muito menor do a de dados irrelevantes. Um suporte a consultas por conteúdo e por estrutura são bastante necessários e precisam ser agregados aos protocolos da WWW. Seria também importante desenvolver um mecanismo de consulta que fosse adaptável a consultas prévias.
Ligado a esta questao temos a estruturação de nós e links. Se na WWW estes elementos tivessem condições de serem compostos ou especializados, seria possível definir nós (páginas) com informações básicas que seriam usadas durante processos de consultas. Isto tornaria a consulta mais rápida: os nós principais seriam consultados e se informação relevante fosse encontrada, os nós componentes seriam recuperados.
A noção de links e nós virtuais seriam também de grande utilidade na WWW. Quando se pensa em ambientes de autoria ou de treinamento, permitir que o usuário defina visões sobre um determinado conjunto de nós é uma facilidade importante. Evidentemente, isto exigiria uma mudança significativa na linguagem HTML.
Em Resumo, a WWW hoje representa uma solução adequada para hipertextos simples, em que a navegação e consultas simples sejam as operações mais usadas. Alterações substanciais no protocolo e na linguagem de especificação de páginas WWW teriam que ser providenciadas para permitir a utilização mais adequada em ambientes colaborativos ou com forte ênfase em consultas complexas.
4. Ambientes Educacionais e Sistemas Hipertexto/Hipermedia
Ambientes educacionais requerem, a priori, alto grau de interação e realimentação entre instrutores e alunos e entre os próprios alunos. Além disso, uma metodologia didática (material + utilização do material) bastante desenvolvida se faz necessária de forma a motivar o aluno a buscar a informação e, portanto, a aprendizagem.
Neste sentido, um ambiente que permita ao aluno utilizar o material didático de uma forma ordeira, mas não necessariamente de modo linear, é bastante interessante. A parte ordeira do processo seria tarefa do instrutor e, em última análise, do autor do material didático.
Do ponto de vista de producaa do material didático, o ambiente deve ter facilidades que permitam a definição de elementos e objetos no material que, de acordo com o público alvo ou mesmo com o nível de avanço já efetuado através do material pelo aluno, direcionem a navegação de maneira suave e eficiente. Tais elementos podem ser alterados pelo instrutor, eventualmente.
Analisando este contexto à luz do que foi abordado nas seções anteriores, pode-se afirmar que sistemas de hipertexto/hipermedia podem ser bastante adequados quando usados em ambientes educacionais, desde que sejam observados alguns dos pontos indicados na seção 2 .
O aspecto de colaboração é de fundamental importância para o sistema. Como mencionado, a interação entre instrutores e alunos é de extrema importância, não só pela questão que envolve realimentação de conhecimento, mas também pelo aspecto de socialização entre os elementos humanos envolvidos no processo de aprendizagem.
A questao da criação de estruturas virtuais é também importante, pois permite que autor e instrutor possam definir no material didático particularidades e elementos que sejam mais adequados ao público que está sendo servido pelo processo educacional.
As funções de consulta bem como o uso de técnicas computacionais de IA podem em grande medida auxiliar instrutor e autor a definir o tipo de material mostrado ao aluno. Além disso, como alunos podem formular questões não padronizadas ou com pouca clareza de objetivos, mais uma vez o sistema de hipermedia deve ter bem desenvolvidas as funções de consulta.
Concluindo, partindo do fato de que aprendizagem se constitui na navegação para um determinado material didático, à luz da orientação de instrutores, a tarefa do instrutor pode ser bastante facilitada com um sistema de hipermedia. No entanto, não se deve cometer o engano de assumir que tal sistema de hipermedia substitui totalmente o instrutor=2E Sempre haverá um conjunto de questões e dúvidas formuladas pelo aluno que nunca será contempaldo pelo material didático em seu poder.
Este trabalho procurou caracterizar sistemad hipertexto/hipermedia do ponto de vista de necessidades gerais, abordando os priincipais conceitos e funções que tais sistemas devem suportar.
Em seguida, analisou a tecnologia da WWW e indicou algumas deficiências desta tecnologia se considerada como base para sistemas hipermedia. Trata-se de uma tecnologia pouco adequada a uma vasta quantidade de informações e para aplicações de autoria ou mesmo de educação.
Finalmente, analisou-se ambientes educacionais como uma aplicação em que se poderia utilizar um sistema de hipermedia. desde que algumas das funções mostrtadas na seção 2 estivessem implementadas.
[Bush45] Bush, V.: As we may think, The Atlantic Monthly, July 1945
[Conklin87] Conklin, J.: Hypertext: An Introduction and Survey, Computer IEEE 2(9), pp. 17-41, September 1997.
[DeBra97] De Bra, P.M.E.: The Architecture of hypertext systems, Eindhoven University of Technology, 1997.
[Demmer94] Demmer, C.: What is hypertext?, Northwestern University's journal for New Media Authoring, Vol.3, 1995.
[Halasz88] Halasz, F.G.: Reflections on Notecards: seven issues for the next generation of hypermedia systems,Communications of the ACM 31(7), pp.836-852, July 1988.
[Newcomb91] Newcomb, S.R. et ali: The HyTime Hypermedia/Time-based Document Structuring Language, Communications of the ACM 34(11), pp.67-83, November 1991.
Last modified: Tue Mar 31 11:58:00 BRA 1998