Tema #1: Hipermídia

 

Grupo B1:

 Ivan Granja 
881092
 André Luís V. Coelho 
920153
 Antonio Tadeu Maffeis 
973529
 
Data: 12/03/97

Professores instrutores:

Léo Pini Magalhães
 
Ivan Luiz Marques Ricarte
 
Discussão do Tema:

 

O texto a seguir é relativo à discussão sobre Hipermídia, tendo como base os artigos propostos em sala de aula. Nesta discussão, irão ser abordados os seguintes pontos:

1 - Motivação e Evolução de sistemas hipertexto/hipermídia

2 - Caracterização da WWW como base tecnológica para sistemas hipermídia

3 -  Uso de hipermídia/hipertexto na educação

 

1) Inicialmente, uma das motivações que despertaram o interesse pelo conceito de documento hipermídia é que sua "forma de pensar" está mais próxima do raciocínio humano (raciocínio associativo), em contraponto ao convencional documento seqüencial. A forma de organização das informações (tanto para o seu armazenamento como para sua apresentação) pode ser modelada como um grafo ou árvore (ou seja, de forma distribuída, não seqüencial). Já os documentos seqüenciais só suportam uma organização linear ou indexada. Os índices são referências estáticas para outras partes de informação (não armazenam uma referência semântica), ao contrário dos links, os quais guardam rótulos de relação entre conteúdos dentro de um contexto.

Além disso, podemos enumerar, como fatores motivadores, a colaboração (reusabilidade de documentos) e a forte tendência de trabalho em ambientes com uso mínimo de papel (workflow, paperless). No primeiro caso, tanto no processo de autoria de novos documentos como no de acesso (utilização) destes, há um aumento considerável da produtividade na geração e disponibilização da informação.

Analisando os documentos propostos como  referências introdutórias  ao assunto, podemos constatar uma evolução com relação ao pensamento que permeia a caracterização de um sistema hipermídia. No tocante ao formato de um documento hipermídia,  Bush [1]  propôs o mecanismo de natureza física (analógica), cujo modelo de uso era centralizado, denominado Memex. Em  [2] , é descrito um sistema caracterizado como de segunda geração para acesso a documentos de mídias de natureza distintas, denominado Notecard, baseado em informações digitais, com característica de ser proprietário, fato que lhe impõe uma série de restrições, especialmente com respeito à interação com outros ambientes já existentes. Já o padrão HyTime  [3]  propõe uma forma padronizada de inter-relação entre objetos de dados, estes podendo ser definidos em notações diferentes. Isto é feito através de uma linguagem padrão denominada SGML. Além disso, Hytime já se preocupa com o aspecto temporal de organização destas mídias durante o processo de renderização/apresentação ao usuário. SGML é aberta e extensível, o que possibilita a geração de novas versões mais customizadas para uma determinada situação/ambiente.

No que diz respeito ao uso desses três "modelos" ou "visões" de sistemas hipermídia, pode-se descrever o primeiro como de uso estritamente pessoal, o segundo como de natureza corporativa com uso colaborativo restrito e o último como colaborativo e aberto (integrando soluções proprietárias).

 

2) Hoje a WWW acaba sendo um padrão de facto utilizado como base para criação/suporte de outros sistemas hipermídia. Contudo, seguindo as propostas colocadas em  [2] , antes mesmo de sua existência, alguns pontos fundamentais ainda precisam ser considerados e atendidos.

O primeiro diz respeito a um mecanismo de busca/consulta de documentos hipermídia. Tal busca poderia ser feita tanto em termos de conteúdo como de estrutura. No caso do WWW, não há um suporte intrínseco provido pelo HTML (sua linguagem base). O que existe são tecnologias baseadas em heurísticas (lógica fuzzy) ou paradigmas (tais como os agentes, crawlers) providos através de sites de busca que ajudam na tarefa de busca por conteúdo. No caso de busca por estrutura, não há nenhum mecanismo que permita, por exemplo, manter a integridade referencial entre links de páginas (o que acarreta muitas vezes na desatualização de alguns documentos, ou seja, não se pode controlar os links que incidem a uma determinada página, somente os que partem da referida).

No que tange à composição de documentos (documentos compostos por outros, ou seja, num nível mais básico, nós de informação compostos por outros nós e links, como uma só unidade), o SGML permite, de forma transparente, que um documento possa aparecer em sistemas dissimilares, isto através do conceito de containers, os quais se assemelham ao conceito de sistema de arquivos.

Com respeito à atualização (modificação) dos documentos, não há condições do próprio sistema de páginas (documentos) Web dinamicamente se auto-configurar de acordo com as mudanças feitas na sua estrutura. Deste modo, quando se remove uma página os links apontados para ela não são atualizados (removidos) de acordo. O que pode existir são ferramentas de suporte, por exemplo, baseadas em agentes móveis, os quais ficam vagueando pela rede checando os caminhos formados pelos links.

As páginas WWW (home-pages), como documentos hipermídia que são, ainda são passivas, ou seja, não  guardam  nenhum  tipo  de computação embutida. A integração com engenhos de regras e bases de conhecimento é feita de maneira externa, através de facilidades tais como o CGI (Common Gateway Interface).

Um controle de versão também só é suportado por mecanismos externos, ou seja, não existe nenhuma construção em HTML ou mesmo em SGML que faça uma atualização das páginas sem a necessidade de substituí-las; não há condições de se ter um histórico das páginas e ter acesso a este histórico através de um mesmo link (nome de página). O que pode ocorrer é ter duas "versões" para um mesmo conteúdo (duas páginas html diferentes, por exemplo, uma inglês e outra em português, para o tema educação) e não um só nome de página assumindo um conteúdo variável, de acordo com a versão desejada.

No caso de suporte a trabalho colaborativo (cooperação entre autores de um documento hipermídia), o que se pode ter é uma melhor distribuição das tarefas p/ a confecção da estrutura do hiper-documento (planejamento); contudo, não existe suporte por parte de uma infra-estrutura intrínseca ao sistema que permita controle de concorrência ou de notificação de mudança (change notification), deste modo possibilitando o trabalho simultâneo e cooperativo de autoria em um mesmo nó do documento (página html, por exemplo). Contudo, o acesso concorrente e paralelo ao documento para sua análise e pesquisa fica bastante facilitado, já que mais de uma cópia de um nó de informação (página) pode existir simultaneamente.

Finalmente, como SGML é um padrão aberto (HTML, por exemplo, é um subconjunto de suas funcionalidades), é passível de ser estendido ou customizado, de acordo com novas necessidades. Um exemplo disso é a extensão S-HTML.

 

3) A utilização de hipertexto/hipemídia como tecnologia viabilizadora de novas tecnologias educacionais (como por exemplo ensino colaborativo) é uma tendência seguramente irreversível, assim como foi a utilização de livros científicos ou didáticos quando da invenção da imprensa. Nesse contexto, cabe-nos viabilizar a sua implementação de forma a reestruturar a forma de trabalhar e pensar dos educadores que farão uso (ou já estão fazendo) desse tipo de tecnologia. Assim, alguns pontos surgiram como mais importantes nessa discussão.

Inicialmente, no que diz respeito à autoria, cabe-nos observar que hipertexto/hipermídia são agentes facilitadores desse processo, tanto no que diz respeito à organização (criação e atualização) de material de referência/complementar, como no que tange à colaboração (utilização de material já desenvolvido por terceiros, por exemplo).

Analisando sob o ponto de vista didático e de aprendizagem, as novas tecnologias educacionais são adequadas à forma de pensar do ser humano, pois um documento hipermídia possui links que produzem associações entre temas de natureza completamente diferentes, enquanto um livro didático pode, no máximo, ser acessado por índices e uma aula expositiva é de natureza puramente linear. A aprendizagem mediada por computador facilita a construção do conhecimento, fato que vai ao encontro das mais moderna teorias educacionais hoje desenvolvidas (por exemplo o construtivismo).

Tais constatações apontam, em nossa opinião, que a utilização das tecnologias de educação hipermídia são caminho irreversível na construção do ser humano, que já nos dias de hoje "compete" por uma boa inserção social através da generalidade de seus conhecimentos e maior acúmulo (e uso) possível do conhecimento produzido por si mesmo e por terceiros.

 

Referências:
[1] As we may think
      Vannevar Bush
      The Atlantic Monthly, July 1945

[2] Reflections on NoteCards: Seven issues for the next generation of hypermedia systems
      Frank G. Halasz
      Communications of the ACM, July 1988, pp. 836-852

[3] The "HyTime" Hypermedia/Time-based Document Structuring Language
       Steven R. Newcomb, Neill A. Kipp, Victoria T. Newcomb
      Communications of the ACM 34(11), November 1991, pp.67-83

 
 
ivan@dca.fee.unicamp.br
coelho@dca.fee.unicamp.br
maffeis@dca.fee.unicamp.br

Comentários dos instrutores.

Last modified: Tue Mar 31 11:56:05 BRA 1998