IA368 - Tópicos em Engenharia de Computação
 
Tecnologias da Infra-estrutura de Informação
em Ambientes Colaborativos de Ensino
 
Caracterização de Sistemas Hipermedia
Grupo A1

 

Christian Medeiros Adriano
Raquel Cristina Bosnardo
Marcos Lordello Chaim (Relator)
 

Indíce

Motivação

Segundo Bush [1], há uma tendência de explosão do volume de informação disponível; notadamente, informação de cunho técnico. De tal modo que mesmo possuindo toda uma semana para realizar uma pesquisa sobre determinado tema, o pesquisador mal terá explorado a montanha de material à sua disposição. Note-se que isto foi observado em 1945! O fato, portanto, é que existia – como ainda existe – dificuldade de acesso, manipulação e para tornar disponível a informação gerada.

Todavia, é argumentado ainda por Bush que a informação disponível padece de outros problemas. Um deles é a maneira como é organizada. Fundamentalmente, ela é organizada através de mecanismos de indexação (e.g.: alfabética, numérica) que não são aqueles naturalmente utilizados pela mente humana. A mente humana realiza seleções baseadas na associação de conceitos. Estes conceitos são associados através de trails transitórios cuja permanência é diretamente proporcional à freqüência de utilização. Portanto, para aumentar a eficiência de acesso à informação, é necessário fornecer ferramentas que simulem a maneira de funcionamento do cérebro humano, em especial, a maneira de associação através de trails.

Há , entretanto, outro problema além do acesso à informação. Trata-se da sua própria gênese. O ser humano tem obtido muito sucesso no desenvolvimento de ferramentas que automatizam tarefas repetitivas, porém, não tem conseguido criar ferramentas que auxiliem as atividades criativas. Obviamente que estas atividades não são passíveis de automatização – pelo menos ainda! – visto que, neste caso, ter-se-ia criado máquinas dotadas de inteligência humana. Mas é fundamental a criação de ferramentas que aumentem o desempenho humano nas atividades criativas, livrando-o de atividades repetitivas, de armazenamento, de organização e auxiliando a interação de idéias entre pesquisadores diferentes.

O conceito de sistemas hipermedia surge como uma tentativa para solucionar estes problemas uma vez que procura representar de maneira computacional a noção intuitiva de seleção através de associações, bem como prover mecanismos para troca de informações e colaboração entre elementos de um grupo de trabalho. Além, de possibilitar a representação em um mesmo sistema de informações heterogêneas (imagem, som, etc.) [3].

Evolução Histórica

Halasz [2] descreve como os sistemas hipermedia evoluíram no decorrer dos anos. A primeira geração (anos 60 e 70) era baseada em máquinas mainframe, dirigida a apenas um tipo de meio – o textual, e, por ser baseada em mainframes centralizados, permitia acesso compartilhado aos nós componentes da rede hipermedia. A segunda geração, surgida nos anos 80, era baseada em estações de trabalho, era dirigida para sistemas de pesquisa científica, possuia interfaces mais sofisticadas (gráficos, animação e textos totalmente formatados), permitia a representação gráfica da rede, possibilitando a navegação e o acesso às informações dos nós; porém, diferentemente da geração anterior, era dirigida para um único ou para grupos pequenos de usuários, não suportando, por esta razão, o trabalho cooperativo.

A terceira geração poder-se-ia dizer que é a atualmente disponível, constituída por ferramentas como os browsers e os search engines da World Wide Web (WWW), além de outras de escopo mais local como o software LOTUS Notes. Halasz [2] discute quais seriam as características desejadas desta geração de sistemas hipermedia. Resumidamente, tem-se os seguintes requisitos:

  1. melhores mecanismos de busca e consulta;
  2. necessidade de nós compostos: nós com informação semântica associada, mais próximos dos conceitos de classes e objetos;
  3. estruturas virtuais, isto é, ligações (links) que implementam conceitos semelhantes ao conceito de visão de um banco de dados;
  4. computação na rede hipermedia;
  5. controle de versão;
  6. suporte ao trabalho cooperativo;
  7. possibilidade de extensão e customização, isto é, acrescentar recursos (extensão) e ajustar a rede para um domínio em particular (customização).

Avaliação crítica da WWW como base tecnológica para sistemas hipertexto/hipermedia

Tomando como base os requisitos estabelecidos por Halasz podemos fazer uma análise da adequação da WWW, e de suas ferramentas associadas (browsers e search engines), a estes requisitos.

Em relação ao item 1, concluímos que a WWW possui mecanismos de busca ineficientes (YAHOO, Altavista) porque eles basicamente fazem buscas de cadeias de caracteres, não fornecendo possibilidades de buscas mais sofisticadas como as buscas estruturadas discutidas por Halasz. Entendendo-se as páginas da WWW como nós da rede hipermedia, nota-se que se tratam de nós muitos simples, não possibilitando a implementação de nós compostos conforme requerido pelo item 2. As ligações na rede WWW são estáticas, o que implica dizer que não fornecem a possibilidade de estruturas virtuais, ajustáveis ao momento de acesso da rede, logo, não implementam o conceito do item 3. O item 4 – computação na rede – é implementado pelo conceito de applets da linguagem Java; pode-se dizer que conceito pode ser melhorado, porém, ele existe na WWW. Não há nenhum mecanismo de controle de versão na WWW, nem de nós nem da própria rede como um todo. Porém, o item 5 não é adequado para as redes de carácter mundial como a WWW, não se aplicando a ela; ele é mais apropriado para redes de escopo local como o Lotus Notes. A WWW não possibilita o trabalho cooperativo no sentido mais amplo que inclui coautoria, workflow etc., ela possibilita troca de material (ftp), troca de mensagem (e-mail), mas trata-se de mecanismos restritos se comparados com a proposta do item 6. O item 7 trata do conceito de extensão e customização; a WWW não fornece muitas possibilitades neste sentido visto que ela não é programável.

Análise crítica do uso de hipertexto/hipermedia em educação

Com relação ao sistemas hipermedia orientados para a atividade educacional, elaboramos uma relação de pontos fortes e pontos fracos. É importante ressaltar, porém, que faltaram subsídios para elaborar uma análise mais aprofundada.

Como pontos fortes da utilização de sistemas hipermedia na educação, observamos a possibilidade de tratar informações de características diversas em um único ambiente (capacidade multimedia: som, imagem etc.), a facilidade de acesso à informações educacionais e para torná-las disponíveis ao educando, a comunicação entre os agentes (educandos e instrutor) e a maneira organizada e dirigida de apresentação da informação que, em geral, os sistemas hipermedia possibilitam.

O uso de hipermedia em educação também possui seus pontos fracos. Um deles é a de orientação do educando que, na maioria das vezes, está fisicamente distante do instrutor, e a de manter a sua concentração visto que ele possui todo um espaço de descoberta e interação com o sistema não controlado. Uma dificuldade adicional é definir estratégias efetivas de avaliação do educando que leve em consideração o fato de que não há (ou pode não haver) contato pessoal entre os agentes (educandos e instrutores). Atualmente, o sistemas hipermedia possuem um custo de hardware e software (principalmente) elevado, porém, a tendência é ocorrer o seu barateamento. Finalmente, o computador, apesar das inúmeras possibilidades de interação multimedia, não é um ambiente agradável e adequado para longas interações dada a sua pouca ergonomia.

Bibliografia

[1] Vannevar Bush, "As we may think," The Atlantic Monthly, July 1945.

[2] Frank G. Halasz, "Reflections on NoteCards: Seven issues for the next generation of hypermedia systems," Communications of the ACM 31(7), pp.836-852, July 1988.

[3] Steven R. Newcomb, Neill A. Kipp, Victoria T. Newcomb, "The "HyTime" Hypermedia/Time-based Document Structuring Language," Communications of the ACM 34(11), pp.67-83, November 1991.


Comentários dos instrutores.

Last modified: Tue Mar 31 11:59:41 BRA 1998